se a importância que alguém dá à religião é diretamente proporcional a seu bem-estar; 1b. se a importância que alguém dá à religião é inversamente proporcional ao estresse/desconforto psicológico; 2a. se as pessoas que são “religiosas e espirituais”, “espirituais, mas não religiosas” e “religiosas, mas não espirituais” têm índices de bem-estar maiores que pessoas não religiosas, nem espirituais; 2b. se as pessoas que são “religiosas e espirituais”, “espirituais, mas não religiosas” e “religiosas, mas não espirituais” têm índices de estresse/desconforto psicológico menores que pessoas não religiosas, nem espirituais. 12395o

Os resultados da sondagem validaram as hipóteses 1a, 2a e 2b, mas não a hipótese 1b. Ou seja, os pesquisadores encontraram uma relação entre religiosidade/espiritualidade e bem-estar – na escala que vai de 5 (bem-estar mínimo) a 70 (bem-estar máximo), os “não religiosos nem espirituais” marcaram 50 pontos; “espirituais, mas não religiosos”, 51 pontos; “religiosos, mas não espirituais” e “religiosos e espirituais”, 52 pontos. O grupo dos que consideraram a religião/espiritualidade moderadamente ou muito importante em suas vidas marcou 53 pontos. Já quanto ao estresse/desconforto psicológico, em uma escala que vai de zero (menos estresse) a 24 (estresse máximo), o grupo dos que consideram a religião ou espiritualidade moderadamente ou muito importante não se diferenciou da média. Mas o grupo dos “não religiosos nem espirituais” marcou 14 pontos, enquanto os outros três tiveram 13. Cientistas católicos e hindus se destacaram, registrando índices de bem-estar e estresse significativamente maiores e menores, respectivamente, em comparação com outros grupos. Os autores acreditam que isso possa estar ligado a uma atitude mais tranquila dessas duas religiões em relação à ciência.

Como sempre acontece em estudos desse caso, os próprios autores reconhecem algumas limitações e sugerem aprofundamentos, como o de tentar descobrir por que católicos e hindus tiveram um desempenho peculiar no estudo; pesquisar separadamente os efeitos da religião (no sentido de afiliação religiosa e benefícios sociais que ela traz) e da espiritualidade; ou investigar quais componentes específicos que foram o conceito de “bem-estar” (posição financeira, saúde física, saúde mental etc.) são mais afetados pela religiosidade ou espiritualidade. Os pesquisadores também não descartam a possibilidade de a pandemia ter levado as pessoas em geral – e os cientistas em particular – a buscar na religião ou na espiritualidade uma forma de lidar com toda a ansiedade decorrente da Covid-19, e que os resultados em um contexto pré- ou pós-pandemia podem ser um pouco diferentes. Mesmo assim, trata-se de um estudo bastante interessante e que dá muito o que pensar.

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