A maioria das startups que não vão a público nunca tiveram a opção de fazê-lo, seja por questão de tamanho (mercado de capitais demandam empresas de porte maior, para que a ação seja negociada com liquidez), seja por tese de investimento (investidores tendem a preferir teses mais conhecidas e sem riscos significativos de mudança de tecnologia), ou seja por governança (com a necessidade de divulgação frequente de resultados). Mas esta situação tem mudado ao longo do tempo, o que deve levar a uma onda duradoura de empresas de tecnologia ando a bolsa:

1. Tamanho

Os investidores de bolsa (investidores públicos) geralmente demandam empresas com alta liquidez, o que permite mais facilidade para conseguir comprar um volume relevante de ações ou de vender uma participação sem pressionar o preço da ação. Para isso, é importante que uma oferta de ações tenha um volume mínimo, o que está relacionado com tamanho da empresa (e sua avaliação).
Conforme eu mencionei no meu texto de maio, nos últimos anos vimos o crescimento e a maturação do setor de tecnologia no Brasil - o que motiva o surgimento de novas teses de investimentos e cria um “ciclo virtuoso” para o setor.
Com mais de 170 milhões de brasileiros com o à internet via telefone celular, o Brasil é um dos maiores mercados digitais no mundo. O processo de digitalização tem acelerado, mas quando comparamos com outras regiões, o país ainda é pouco desenvolvido, apresenta baixa penetração em e-commerce, pouca automação de processos, entre outros entraves. A pandemia acabou acelerando a agenda de digitalização não só no Brasil, mas em todo o mundo, o que permitiu à várias empresas aumentar significativamente seu tamanho e o potencial de mercado.
Essa mudança de tamanho do mercado colocou muitas das startups brasileiras próximas ao tamanho mínimo para conseguir fazer um IPO. Adicionalmente, dado que o tamanho da oportunidade ficou ainda maior, estas empresas hoje têm potencial para justificar a captação de volumes maiores de recursos para investi-los de maneira eficiente no crescimento.

2. Governança

Uma empresa listada a a ter uma série de obrigações de divulgação e governança, incluindo a necessidade de apresentar resultados trimestrais, criação de comitês e capacidade de se relacionar com um grupo diverso de investidores.
As startups brasileiras vêm nos últimos anos melhorando consistentemente
seus níveis de controle e governança, seja pela presença de investidores
financeiros em suas estruturas acionárias, seja pela maturação dos modelos de
gestão para istrar empresas de porte maior.

3. "Efeito Magalu"

Com o crescimento da relevância das empresas de tecnologia e os impactos nas empresas tradicionais já listadas na bolsa, o interesse e entendimento pelos investidores públicos da dinâmica de empresas em alto crescimento aumentou substancialmente.
Adicionalmente, o sucesso dos IPOs da Locaweb, Arco, PagSeguro, ou a impressionante valorização das ações de Magazine Luiza por conta de sua estratégia digital, também reforçaram o apetite de investidores para estórias similares.

IPO é a melhor opção de capital para empresas de tecnologia?

O crescimento relevante nos últimos anos de capital de risco (venture capital) e de empresas em crescimento (“growth”) está permitindo que as empresas diminuam a velocidade de seus IPOs no mundo. Além disso, o interesse crescente de empresas tradicionais por novas tecnologias e o surgimento de fundos de private equity focados em empresas de tecnologia, estão aumentando o leque de “funding” para os empreendedores.
Um IPO traz mudanças importantes para o dia a dia de uma empresa, incluindo a constante flutuação de valor da empresa, que a a ser público e mudar diariamente com o preço da ação, as obrigações contábeis, impactos em programas de remuneração de funcionários-sócios da empresa, entre outros.

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