Eu, sabendo só que nada sei, fico observando e colhendo muita opinião bichada na esperança de encontrar o Argumento Perfeito que me dê tranquilidade ou que me deixe apreensivo de uma vez por todas. Se me dizem para ficar de olho no dólar, por exemplo, eu fico. Se me aconselham a dar ouvido à minha intuição, está mais do que dado. Se me sugerem pedir asilo político na Embaixada da Itália, vou logo procurando o endereço. Se me mandam rezar, eu rezo, ué. 215b64

Me tranquiliza saber que está todo mundo exercitando a fantasia e projetando felicidades para o já mítico Dia Seguinte. É sinal de que ainda mantemos algo que nos torna essencialmente humanos: o sonho. Por outro lado, o que me incomoda é a possibilidade de a certeza quanto ao resultado das eleições de 2022 existir para uma única pessoa. Sim, ela mesma: a autoridade que deveria garantir que a dúvida saudável, própria do processo democrático, pairasse sobre toda a sociedade.

Segunda-feira (3) será o dia do “eu te disse!”, do “eu avisei!”, do “eu já sabia!” e, porque vivemos numa época um tanto quanto perversa, do “só você que é idiota não tinha percebido isso!”. Analistas dirão que a vitória ou a derrota tem explicação nos astros ou na mais nova teoria da comunicação de massa ou na mais recente tese da ciência política. Eu mesmo escreverei algo, na esperança de nunca envergonhar o Paulo do futuro. O que, convenhamos, é uma missão quase impossível.