O curioso é que o próprio Gervais meio que assume o caráter farsesco da farsa (!) antes mesmo de subir ao palco, ao se fazer anunciar como “o homem que não precisava de nada disso”. Aí há duas opções para o espectador: ver o comediante como um abnegado defensor da liberdade de expressão, um protossanto que saiu do conforto de sua casa para mostra como é importante fazer humor sobre qualquer coisa; ou vê-lo como um artista que está fazendo aquelas piadas oh-tão-pesadas em troca de um caraminguá que nem vai lhe fazer falta.
O mais decepcionante é que, já no fim de “Supernature”, Gervais esclarece essa questão. Ele se confessa disposto a exibir uma enorme frouxidão moral em nome da piada e do riso. O que, na verdade, significa que ele usa essa frouxidão moral a fim de conquistar ainda mais fama, dinheiro e relevância no debate público. Os risos, se houver, são brinde. E a “honra da comédia”, o “caráter anárquico do humor” e a “luta pela liberdade” são apenas justificativas à toa, dessas tantas que a gente dá para nossos erros, dos mais insignificantes aos mais abomináveis.
No todo, deu para rir com sinceridade apenas da piada com o “Ling Ling”. E as piadas com gatos também são boas. Embora as do Whindersson Nunes sejam infinitamente melhores.
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