De fato é muito legal que agora o brasileiro ao menos saiba qual ideologia está por trás do roubo sistemático do dinheiro público. Não muda muita coisa, o roubo continua, mas pelo menos agora a gente sabe o nome e o partido do bandido, bem como a filosofia política que embasa o roubo. Assim a gente pode escolher com mais propriedade o bandido que vai nos roubar. 4m4v3j

Mas não dá para negar que a política, muito mais do que um campo de debate e ações visando o bem comum, é para o cidadão comum uma fuga da realidade. O que chega a ser paradoxal, uma vez que a política se pretende justamente a transformar essa realidade. Que seja. O fato é que hoje mais e mais pessoas veem na política, com sua eterna sensação de impotência, com sua indignação permanente, com sua lógica rasteira e apressada, com seu sectarismo e com seu maquiavelismo perverso, um meio de fugir da vida.

Um jeito de encontrar no outro, seja ele uma autoridade ou um militante, o responsável (ou responsáveis) por suas mazelas interiores. Aquelas que a política jamais alcançará. É uma fuga dos sofrimentos que nos irmanam: a louça que se acumula na pia, as dívidas, o amor não correspondido, a doença. E principalmente a consciência dos próprios defeitos. Para que se olhar no espelho se é mais fácil apontar o dedo e dizer que a culpa é do Lula ou do Bolsonaro?

E o mais preocupante: é uma fuga das grandes questões que sempre afligiram e fascinaram os homens. Perguntas que nenhum político jamais será capaz de responder. O que é o homem? Qual meu papel no mundo? Qual o sentido da vida? O que há para além da morte? Indagações que antes nos uniam a Deus e que hoje substituímos pelo estéril “até quando?” repetido à exaustão sempre que nos deparamos com a mais recente sandice dos nossos políticos.