A publicação também lembrou outro fato relevante: quando Dilma Rousseff assumiu a Presidência da República, em  janeiro de 2011, ela recebeu do governo Lula uma estrutura federal em que cerca de 43% dos principais cargos de confiança eram ocupados por líderes sindicais. O que estamos vendo agora, como dizia o rei Salomão, não é nada de novo sob o sol. É apenas o retorno da maneira lulopetista de governar em sua mais pura essência. Seria um alívio terminar a lista por aqui, mas, infelizmente, ainda tem mais.

Os empresários Joesley e Wesley Batista, que foram investigados pela Operação Lava Jato, fizeram parte da comitiva de Lula em sua viagem à China. Enquanto isso, a J&F, empresa da família Batista, está buscando reduzir o valor da multa que foi imposta por sua participação nos casos de corrupção. Em 2017, essa multa foi fixada em R$ 10,3 bilhões, mas, até o momento, somente R$ 580 milhões foram pagos. Pelo visto, o novo governo vai dar um "jeitinho" de reduzir expressivamente esse valor e ajudar os amigos de longa data.

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Em suma, o atual governo de Lula tem implementado práticas que destroem a governança pública das estatais e promovem a relação promíscua entre governo e empresários, e, principalmente, entre o governo e sindicalistas, em detrimento da transparência, das boas práticas e da retidão na gestão pública. Os conflitos de interesse são flagrantes e deveriam ser objeto de um escrutínio maior. O retorno dos sindicalistas ao poder é uma ameaça ainda maior para a economia, uma vez que suas políticas tendem a limitar a liberdade econômica e a interferir na alocação eficiente dos recursos, além de favorecerem a corrupção e os desejos megalomaníacos da esquerda.

O que mais assusta, no entanto, não são as ações do PT contra a Lei das Estatais e a governança pública. Isso já era esperado. O que assusta mesmo é o silêncio dos quadros, ditos técnicos, que se juntaram ao governo, na suposta coalizão pela democracia, e que ficam em silêncio total diante dos retrocessos. Pessoas que emprestaram seu prestígio e, teoricamente, seu conhecimento para aprimorar a gestão pública, mas que assistem calados os ataques aos avanços realizados nos últimos anos justamente para blindar a istração pública. Como dito no começo, é a chamada marcha da insensatez. Todos perdemos com uma gestão partidária e eleitoral das estatais e com a relação de troca de favores com certos empresários e sindicalistas.