Não gosto que as pretensões do governo – as razões pelas quais ele exige minha obediência – sejam muito elevadas. Eu não gosto das pretensões mágicas da medicina nem do direito divino de Bourbon. Isso não é apenas porque não acredito em mágica nem na Politique de Bossuet. Eu creio em Deus, mas detesto a teocracia. Afinal, cada governo é composto por meros homens e é, a rigor, um substituto do verdadeiro poder; caso acrescente a expressão ‘Assim diz o Senhor’ aos mandamentos, estará mentindo – e mentindo de forma perigosa.
Meros homens, adotando aquilo que o filósofo Michael Oakeshott chama de a Política da Fé, atitude que, fatalmente, termina – a História nos mostra – em caos e violência. Mas disso trataremos na terceira e última parte de nossa reflexão sobre religião e política.