Em janeiro de 2012, as compras para atender as necessidades do Palácio da Alvorada incluíram 6 garrafas da cachaça Havana, uma das mais famosas do país, ao preço de R$ 246 a unidade. No mês seguinte, a adega foi reforçada com 6 garrafas do espumante Freixenet Cava , por R$ 91 cada; mais 6 garradas do vinho português Quinta das Tecedeiras, no valor de R$ 136 a unidade. De Araguari (MG), vieram mais 8 garrafas da cachaça Montanhosa Tonel, no valor de R$ 280 cada uma delas.
Os alimentos mantinham a sofisticação das bebidas. No mesmo período, foram comprados no Empório Kalamares 5 quilos de codorna desossada por R$ 577 e 8 quilos de carrê de cordeiro por R$ 976. Na Peixaria do Guará, a mais tradicional de Brasília, além de 41 quilos de côngrio rosa e pescada amarela, foram adquiridos 12 quilos de camarão rosa tamanho GGG, no valor total de R$ 1,7 mil.
Na Viande Boutique de Carnes, no final de janeiro daquele ano, compraram 81 quilos de filé mignon por R$ 5,7 mil. Uma semana depois, na mesma loja, gastaram mais R$ 6,2 mil com 89 quilos de filé mignon. E ainda levaram dois quilos e meio de picanha Uruguay por R$ 239. Houve ainda a compra de mais 10 quilos de codorna desossada, tudo do período de um mês.
Nas compras de supermercados com cartão corporativo aparecem também queijos muito especiais, como o Cablanca Holandês, por R$ 99 o quilo; e o Grano Padano, por R$ 150 o quilo. E não poderia faltar a sobremesa. Os cartões corporativos já foram usados para comprar tapioca em Brasília. Em fevereiro de 2012, foram adquiridas cinco caixas de sorvete de tapioca por R$ 400.
Os cartões são usados para tudo. Naquele período, foram compradas duas coleiras por R$ 255. Dilma tinha um labrador que a acompanhou por 12 anos, de nome Nego. Nos registros há ainda aquisições de material para a manutenção da piscina do Alvorada, material da copa e cozinha, bolos e lanches variados.
Reportagem publicada no blog em 1º de agosto mostrou que, no último ano completo da presidente Dilma, as despesas com cartão corporativo alcançaram R$ 26 milhões (em valores atualizados) até o mês de junho – 25% a mais do que no atual governo no mesmo período. Mas o blog mostrou também que o presidente Jair Bolsonaro mantém em segredo mais de dois terços das informações sobre gastos com cartões corporativos do governo federal, num total de R$ 13,5 milhões, seguindo práticas de istrações anteriores.
As maiores despesas pagas com cartões são feitas nas viagens nacionais e internacionais. Nas viagens locais, onde o presidente participa de festividades e outros eventos, é necessária a mobilização de um grande contingente de seguranças, policiais e até militares, o que resulta em gastos com transporte, alimentação e hospedagem. Trataremos disso nas próximas reportagens.
Há, ainda, gastos com as despesas dos ex-presidente da República e com os familiares dos presidentes durante os seus mandatos. No governo Lula, a Presidência chegou a mobilizar quatro equipes simultaneamente para garantir a segurança de seus filhos. Também foi assegurada segurança para familiares da então presidente Dilma.
O cartão de pagamento do governo federal, na forma de cartão de crédito, foi criado para pagar despesas eventuais de pequeno valor, que exigem pronto pagamento, e também compras em caráter sigiloso. Na prática, podem comprar quase tudo, como combustível, agens aéreas, medicamentos, material para construção, material impresso, etc. Também podem ser usados em restaurantes e para compras em supermercados e padarias.