
É claro que isso nunca impediu espectadores de pensarem que Robin era gay, mas nunca foi este o foco da história. Agora é. Algo que era percebido como natural e até divertido sem precisar ser explicitado agora precisa ser explicitado como o “novo normal”.
E daí? E daí que tudo isso sinaliza que o alvoroço em torno do Robin bissexual não foi provocado exatamente pelo fato de ele sair do armário, mas pelo fato de um certo ativismo de gênero – aquele que que luta não pela tolerância nem pela harmonia entre diferentes condutas sexuais, mas pelo conflito e pela imposição hegemônica de determinadas condutas sobre outras – ter vencido mais uma batalha no front da ideologia de gênero, em meio à guerra cultural que vem dominando tristemente o planeta.
Outro episódio recente nessa guerra – este mais delicado, por se tratar de um personagem voltado ao público infantil – foi o anúncio da Nickelodeon de que Bob Esponja é gay, em junho de 2020. Ora, Bob Esponja é assistido por crianças em idade pré-escolar: transformar o desenho em símbolo da militância de gênero é adequado? É pedagogicamente recomendável submeter esse público a uma campanha ligada à sexualidade? Com que objetivo se faz isso?
Aliás, outros dois personagens da Nickelodeon já fazem oficialmente parte da comunidade Bob Esponja faz parte da comunidade LGBTQIA+: Korra, da animação “Avatar – A lenda de Aang”, bissexual, e Schwartz, da série “Henry Danger” interpretado por um ator trans.
Os episódios de Robin e Bob Esponja demonstram que, embora a bandeira da representatividade de minorias seja legítima e precise ser constantemente debatida, ela vem servindo de escudo para iniciativas equivocadas, quando não maldosas. Não é preciso ser de direita ou conservador para estranhar a deliberada exposição de crianças a campanhas envolvendo sexualidade, até porque parece óbvio que protagonistas de séries e desenhos infantis funcionam como modelos de identidade e comportamento para um público em formação.
É evidente que qualquer forma de intolerância deve ser combatida. Mas por que pais heterossexuais, que acreditam no modelo tradicional da família, deveriam achar bonito ver seus filhos expostos desde a mais tenra idade a conteúdos que partem da premissa de que uma criança não nasce menino nem menina, e que o sexo é uma construção social? Porque existe uma diferença bem grande entre uma educação voltada para a inclusão e o combate ao preconceito e uma educação empenhada em fazer das crianças cobaias de um experimento social cujas consequências só vão aparecer bem mais tarde.
Mas, quando alguém ousa criticar a ideologia de gênero, é imediatamente desqualificado como reacionário, nazista, homofóbico, genocida etc. Isso já está provocando uma preocupante espiral de silêncio, na qual a maioria se cala para não ser perseguida por milícias barulhentas dedicadas a silenciar qualquer opinião divergente na base da intimidação e do constrangimento. É o “ódio do bem” em ação. Nada de bom pode vir daí.