Medidas assim, evidentemente, não têm como dar certo a longo prazo. Empresas que não podem demitir funcionários incompetentes – seja qual for a sua raça, religião ou inclinação política – se tornam fatalmente menos competitivas e estão condenadas a fechar as portas, por ineficiência. É assim que uma economia funciona no capitalismo

Outro efeito colateral previsível dessa proposta de criação de estabilidade em empresas privadas é que os empresários simplesmente deixarão de contratar aquelas pessoas que se tornarão potencialmente indemissíveis.

A consequência não prevista de uma proposta aparentemente boa é que, em vez de proteger determinados grupos, ela acabará por prejudicá-los. Estamos assistindo a este filme já há algum tempo no Brasil, em diferentes áreas, e a tendência é piorar.

Em tese, na hora de escolher qual candidato a uma vaga irá contratar, um empresário inteligente opta pelo mais qualificado e capaz, sem considerar a etnia, o sexo, a orientação sexual, a identidade de gênero e a ideologia política.

Escrevi “em tese” porque existem, é claro, empresários burros e preconceituosos, mas estes, invariavelmente, acabam sendo punidos pelo próprio mercado – e fecham as portas.

Se o Estado interfere nessa dinâmica, determinando quais funcionários o empresário poderá ou não contratar ou demitir, por meio de cotas e outros mecanismos de compensação, um efeito potencial disso é que os empresários inteligentes arão a se comportar como se burros fossem – porque, para evitar problemas futuros e garantir a viabilidade do seu negócio, eles podem ar a preterir aqueles candidatos que eles normalmente contratariam, mas que a norma tornou indemissíveis.

Curiosamente, a proposta contraria a própria agenda que vem sendo defendida por  Ramaswamy, que enfatiza a liberdade econômica e a meritocracia, historicamente dois pilares da sociedade americana.

E este é apenas um exemplo banal do que pode acontecer quando o Estado intervém na vida dos indivíduos e nas empresas, restringindo a sua liberdade.

Por melhores que sejam as intenções – mas é claro que as intenções nem sempre são boas –, cada medida intervencionista traz em seu bojo efeitos colaterais e consequências imprevistas que, no final do dia, acabam piorando a vida das pessoas. Simples assim.

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