Mas não é só isso: o capitalismo moralista também interfere na política. Ele não hesita em subverter os próprios fundamento da democracia, cooptando, seduzindo (ou, em casos extremos, corrompendo) aqueles que deveriam ser os principais guardiões das liberdades democráticas: somente isso pode explicar o fenômeno de jornalistas que defendem a censura, de uma justiça que pende sempre para o mesmo lado e de legisladores pouquíssimo preocupados em defender os interesses de quem os elegeu.

São vários os sinais de que isso está acontecendo, mas basta destacar dois: primeiro, a relativização sistemática e reiterada da liberdade de expressão, que vem sendo enxovalhada dia após dia, com apoio da grande mídia e mesmo de tribunais superiores; segundo, a imposição da narrativa da democracia de um lado só, que exclui da política o convívio entre os diferentes e rotula metade da população brasileira como fascista, gente que odeia os pobres e as minorias e que, portanto, merece ser perseguida e esfolada – sempre em defesa da democracia.

Nessa altura, já deve ter ficado claro que os conceitos tradicionais de esquerda e direita, de liberalismo e socialismo já não dão conta das transformações em curso no Brasil e no mundo. Basta seguir o dinheiro para constatar que a esquerda e o progressismo são hoje financiados pelos ricos e poderosos que no ado seriam execrados como inimigos de classe, começando por George Soros e a Open Society Foundation.

Por sua vez, os guerreiros da justiça social de classe média parecem mais preocupados com a gordofobia, a masculinidade tóxica e o uso de pronomes neutros do que em combater a pobreza e a desigualdade.

Está cada vez mais difícil entender o mundo, e estão tentando te enganar todos os dias. O melhor a fazer em épocas assim é desconfiar de tudo: nada se limita a ser o que parece.

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