É alguma discordância ou crítica ao Supremo? Então, no julgamento do consórcio STF-Lula, é um “ataque à democracia”. É operação da extrema-direita. Está na fronteira do crime político, e fica sujeito ao inquérito policial do ministro Moraes, perpétuo e ilegal, que há cinco anos funciona como o AI-5 do regime. Agora, com a manifestação convocada por Bolsonaro em São Paulo, essa pregação tem tudo para se repetir. O STF vai ser mais uma vez colocado pela esquerda, pela mídia e por si próprio como vítima dos “inimigos da democracia”. Nenhuma palavra, é óbvio, vai ser dita sobre a verdadeira substância da questão: a baderna legal que o STF criou no país com as decisões que vem tomando, uma depois da outra. O problema não é que o tribunal seja “antifascista”. É que desrespeita a lei.

A lista de fatos que atestam isso é uma obra em aberto. O STF, no caso do golpe de Estado que a polícia e o ministro Moraes estão promovendo na imprensa, proibiu os advogados dos suspeitos de se comunicarem entre si. É puramente ilegal, e não há nada que possa justificar a decisão – até um dos mais ilustres advogados do grupo “Prerrogativas”, dedicado a anular os crimes de corrupção da Lava Jato, achou um absurdo. “A decisão é uma afronta aos advogados”, disse Antônio Mariz. “Nem na ditadura militar se fez isso”.

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O ministro Toffoli anulou, num surto inédito, as provas contra a Odebrecht, incluindo confissões de corrupção e dinheiro roubado, uma multa de 10 bilhões de reais devida pela J&F em acordo de leniência penal e outra multa, da mesma Odebrecht e da mesma origem, de 3,8 bilhões de reais. O ex-governador Sérgio Cabral, condenado a 400 anos por corrupção, está solto. Todos os corruptos são absolvidos, e as provas dos crimes destruídas. Traficantes de drogas são colocados em liberdade e recebem de volta os iates, jatinhos e mansões que compraram com dinheiro do crime.

Que diabo tem isso tudo a ver com “defesa da democracia”? Absolutamente nada. Mas o STF, Lula e a maior parte da imprensa criaram essa ficção – e, por conta dela, ficou proibido dizer que está errado soltar criminosos, ou violar os direitos dos advogados. Mais proibido ainda é ir para a rua em sinal de protesto; aí já é coisa pior, de bolsonarismo para baixo.

Uma parte da população brasileira julga que o principal tribunal de Justiça do país é um desastre, simples assim. Não foi forçada por ninguém a pensar dessa maneira. Basta olhar para as decisões do STF, como se vê na lista exposta acima, e que poderia aumentar até o infinito. Porque não há, nem vai haver nunca, nenhuma manifestação popular de massa em favor do STF? Não é preciso dizer mais nada.