Jordy, diga-se, não foi oficialmente acusado de envolvimento, ainda que a Polícia Federal tenha batido na sua porta. O teor de suas conversas, entretanto, gera suspeitas que não podem ser ignoradas. Em 1º de novembro, logo após o 2º turno da eleição e no início dos bloqueios em rodovias, uma troca de mensagens entre Carvalho e Jordy aponta que ele era tratado como conselheiro e líder. “Bom dia, meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo”, escreveu Carvalho. Palavras fazem sentido. A que “direcionamento” se referia? O que ele teria “poder de parar”?

Segundo o pedido formulado pela PGR, Carvalho era “responsável por istrar mais de 15 grupos de WhatApp, com temáticas extremistas, havendo robustos elementos de informação, conforme demonstrado nas informações de polícia judiciária, de que ele organizou eventos antidemocráticos na cidade de Campos de Goytacazes”.

Como a Justiça poderia ignorar a conexão explícita entre um deputado influente e um líder político local que operacionalizava ações antidemocráticas? A diligência autorizada se sustentava no sentido de que, como bem apontou a PGR, havia prévia consistência nos elementos de informação quanto “à materialidade e à autoria delitiva”, sendo necessário ampliar o escopo de provas por meio da colheita de novos elementos. Os fatos elencados sobre Carvalho, os diálogos dele com o Jordy e a forma com que este era tratado mais do que justificam a medida, que tem natureza cautelar.

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Nas redes sociais, Jordy, com seu estilo espalhafatoso, disse que foi “acordado com fuzil no rosto pela Polícia Federal”. Se assim ocorreu, cabe a ele fazer a devida representação junto aos órgãos competentes. Mas não parece ser o caso, já que esse não é o procedimento padrão dos agentes e o próprio parlamentar depois, em clara contradição, itiu que eles foram educados. Seu vídeo de vitimização tinha o objetivo de reforçar a narrativa de que vivemos em Estado policial e que o bolsonarismo está sendo perseguido.

Ser “líder da oposição” não impede Jordy de ter uma busca e apreensão ordenada contra ele. Se no curso da investigação for confirmada sua participação em atos golpistas, ele tem mesmo é de perder o mandato e ser responsabilizado penalmente. Como, alias, ocorreu corretamente com o ex-deputado Daniel Silveira. A democracia é o regime da liberdade, mas não significa que agitadores, principalmente se eleitos, possam agir para destruí-la e ficarem impunes.