Em segundo lugar, adaptando os argumentos à nossa realidade, “a esquerda considera o cristianismo como parte intrínseca da identidade nacional” brasileira, “uma identidade que desejam erodir em favor de uma identidade de ‘cidadão mundial’”.
E uma terceira razão é que, de acordo com Prager, “a esquerda é triste. Qualquer coisa e quem quer que a esquerda influencie tem menos alegria na vida. Conheci liberais felizes e infelizes e conservadores felizes e infelizes, mas nunca encontrei um esquerdista feliz. E quanto mais à esquerda você for, mais irritadas e infelizes serão as pessoas que encontrará. [...] O Natal é feliz demais para a esquerda. Noite Feliz não é uma canção para ela”.
Voltando ao Porta dos Fundos, o desprezo que o grupo demonstra pela fé cristã é parte da campanha aberta implementada pelas esquerdas contra a fé cristã. Como Jones Rossi comentou, tratando do líder do grupo: “Talvez Gregório Duvivier não planeje os ataques [à fé cristã] de forma tão premeditada – até para isso seria necessário ter uma sólida formação intelectual. Mas, ao fazê-lo, segue à risca o roteiro pré-determinado de parte da esquerda que deseja impor sua agenda [anticristã] sem resistência”.
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O que os ideólogos esquerdistas almejam é o Estado laicista, marcado por intolerância religiosa, que almeja eliminar Deus e a fé cristã, atacando fortemente a liberdade religiosa e banindo do meio público qualquer expressão ou símbolo de religioso. E, como afirmou o papa Bento XVI, o Estado laicista intenta implantar a “ditatura do relativismo”, eliminando a verdade e o direito natural. Assim, uma das formas de criar embaraços à prática da fé cristã no Brasil é que numa das frentes são realizados ataques contra o direito à liberdade religiosa por meio da tentativa de aprovação de projetos de lei, ações civis públicas, recomendações istrativas, decretos, decisões judiciais e ataques midiáticos, intentando suprimir a fé do espaço público. Em outra frente, esquerdistas insuflam o deboche vulgar contra a fé cristã, por meio de programas como o Porta dos Fundos ou em paródias sobre o Senhor Jesus em blocos carnavalescos.
O apóstolo João registrou uma fala de Jesus aos judeus, diante do Templo em Jerusalém: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isso ele disse a respeito do Espírito que os que nele cressem haviam de receber” (João 7,38-39). O que o único Messias e Senhor ensinou, em outras palavras, é que somente podemos falar do Salvador a partir do que as Escrituras Sagradas revelam sobre ele. Pois as Escrituras Sagradas são a única fonte confiável que temos sobre a vida, feitos e obra do Salvador. Décadas depois, o apóstolo João, exilado por causa da fé na ilha de Patmos, afirmou após receber revelação divina que o Messias Jesus é “a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. [...] Que nos ama e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai”, digno de receber toda “a glória e o domínio para todo o sempre”. E que também “ele vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o trasaram. E todas as tribos da terra se lamentarão por causa dele” (Apocalipse 1,5-7). Portanto, como Martinho Lutero escreveu, “da mesma forma como vamos até o berço tão somente para encontrar um bebê, também recorremos às Escrituras apenas para encontrar Cristo”. Somente as Escrituras Sagradas nos revelam quem, de fato, é nosso Salvador.
Assim sendo, recebendo como verdadeiro o testemunho de Jesus revelado na Escritura Sagrada, lembremos do que C. S. Lewis escreveu tempos atrás: “Estou tentando impedir que alguém repita a rematada tolice dita por muitos a respeito de Jesus Cristo: ‘Estou disposto a aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não aceito a sua afirmação de ser Deus’. Essa é a única coisa que não devemos dizer. Um homem que fosse somente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre da moral. Seria um lunático – no mesmo grau de alguém que pretendesse ser um ovo cozido – ou então o diabo em pessoa. Faça a sua escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não a de um louco ou coisa pior. Você pode querer calá-lo por ser um louco, pode cuspir nele e matá-lo como a um demônio; ou pode prostrar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas que ninguém venha, com paternal condescendência, dizer que ele não ava de um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não quis deixá-la”. Portanto, aqueles que recebem como verdadeiro o testemunho das Escrituras Sagradas só têm como opção reconhecer que Jesus é o Senhor, o único Messias, o eterno Filho de Deus, o Deus-homem, o único mediador entre Deus e a humanidade pecadora.
Quanto aos que debocham de Deus, aqueles que são da fé não devem se abalar. As Escrituras Sagradas ensinam que diante dos ataques contra Deus e seu Messias, é o próprio Senhor que ri diante dessa situação
Como celebrado no famoso hino Oh, vinde, fiéis (Adeste Fideles), de 1751, atribuído ao músico católico John Francis Wade, e cantado por todos os cristãos no Natal:
Deus de Deus, Luz de Luz
Carregado no ventre de uma virgem
Deus verdadeiro, gerado, não criado
Oh, vinde, adoremos!
Oh, vinde, adoremos!
Oh, vinde, adoremos a nosso Senhor!
Diante do “Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade”, e que revelou “a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1,14), lembramos da máxima de Inácio de Loyola: “Para aqueles que creem, nenhuma explicação é necessária; para aqueles que não creem, nenhuma explicação é possível”.
Quanto aos que debocham de Deus, do Messias e do que é sagrado aos cristãos, aqueles que são da fé não devem se abalar. As Escrituras Sagradas ensinam que diante dos ataques contra Deus e seu Messias, é o próprio Senhor que ri diante dessa situação. Como aprendemos no antigo livro de orações do povo de Israel: o Deus todo poderoso “que habita nos céus dá risada; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo, lhes falará e no seu furor os deixará apavorados”. E Deus diz ao seu eterno Filho, destinado a dominar todo o universo, da oposição que reinos tentam fazer contra ele: “Com uma vara de ferro você as quebrará e as despedaçará como um vaso de oleiro” (Salmos 2,4-5.9). Haverá um tempo de prestação de contas diante do Deus que não se deixa escarnecer!
As limitações à liberdade religiosa vêm crescendo em todo o mundo nos últimos anos. E os cristãos também são os mais perseguidos, sobretudo em países dominados pelo islamismo ou pelo comunismo. Na China, crescem progressivamente as restrições e perseguições à manifestação da fé cristã. Agora, o governo autoriza apenas pregações nas redes sociais de doutrinas religiosas “que conduzam à harmonia social” e que guiem os fiéis chineses “ao patriotismo e ao respeito à lei”. Agora, os esquerdistas no Ocidente não escondem mais seu ódio e desprezo contra o cristianismo.
O grupo Porta dos Fundos é apenas uma pequena parte desse movimento esquerdista que tenta vilipendiar e ridicularizar a fé dos cristãos. O que a esquerda almeja é, como escrevem Thiago Vieira e Jean Regina, a imposição do “Estado Secular, o resultado final do laicismo. Nele o fenômeno religioso praticamente inexiste (pelo menos não de forma pública), e os elementos religiosos permanecem apenas como símbolo cultural. De certa forma, na secularização [...] existe um aculturamento total do fenômeno religioso a ponto de seu elemento transcendental deixar de existir”. E, para fins de boa compreensão, os dois fazem o contraste: “Por outro lado, laicidade implica na preservação dos poderes religioso e político, cada um com total autonomia e independência dentro de sua ordem. E essa autonomia do poder religioso existe exatamente por ter em seu objeto a transcendência, em outras palavras, por ter em si mesmo exatamente o oposto do que a secularização significa e propõe”.
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Aliás, o já citado Duvivier é fervoroso apoiador do deputado federal Marcelo Freixo, agora no PSB – inclusive pedindo dinheiro nas redes sociais em 2014 para financiar suas campanhas. Freixo, que era do PSol, começou recentemente a visitar igrejas evangélicas, para tentar angariar apoio à sua campanha ao governo do estado do Rio de Janeiro. Duvivier, que já declarou voto no ex-presidente Lula nas eleições do ano que vem, também é firme apoiador do PT. Ele tem destaque no site oficial do partido que legou, na percepção popular, o governo mais corrupto da história do Brasil – não custa lembrar que as duas condenações de Lula e outras ações no âmbito da Operação Lava Jato foram anuladas devido a decisões do STF relativas a questões processuais. E Lula foi solto depois de 580 dias preso porque o STF mudou de entendimento quanto à prisão em segunda instância. Mas em 2012 o STF condenou dirigentes do PT sob o argumento de que eles lideraram esquema que desviou dinheiro público para compra de apoio político no Congresso.
Que, nas eleições que ocorrerão em 2022, os cristãos católicos e protestantes se lembrem dessas associações, diante do esforço intencional e deliberado por parte do Porta dos Fundos de ridicularizar a fé cristã. E fica a pergunta: será que ainda há cristãos que conseguem votar no PT, PCdoB e PSol? Acólitos destes partidos abertamente atacam a fé cristã e vilipendiam seus símbolos. Haverá mesmo cristãos que ainda votarão nesses partidos?
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O colunista deseja boas festas e ótimo ano novo a todos os seus leitores! Os textos dessa coluna retornarão em 1.º de fevereiro de 2022.