Textos de filosofia são respostas a problemas específicos que perturbaram gerações de homens reais, problemas que foram resolvidos e que podem ser retomados ao longo da história. Desprezar a história da filosofia pode ser um tiro no pé.

A obrigação da análise crítica em filosofia é ir diretamente à fonte, ler o texto no original e compreender o que cada conceito significa no contexto histórico e problemático em que a obra foi escrita. Assim, comece perguntando não por aquilo que motiva psicologicamente um filósofo, mas pela pergunta filosófica que está objetivamente formulada no texto.

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Para desfrutar de uma boa leitura, arrume bons dicionários, léxicos e compêndios. Há especialistas que dedicam a vida organizando essas obras. Não se deve ler obras de filosofia sem bons “instrumentos” de leitura em mãos. Tais obras não são bulas de remédio, não são manuais de como “agir” ou resolver “problemas cotidianos”. Segundo: leia com lápis e bloco de notas. Anote tudo, faça esquemas, resumos e crie o seu próprio “índice”. Terceiro: tenha em mente que você precisará fazer no mínimo umas três leituras. Não se trata de romance para ler nas férias. O drama de uma obra clássica é de outra natureza.

Há pelo menos três tipos de leitura, de como devemos atacar o texto. A primeira leitura deve ser geral. Essa leitura serve para obter uma visão abrangente da obra, isto é, apresentar o “aspecto paisagístico”. Em outras palavras: ler de cabo a rabo. A segunda leitura é estrutural. Seu objetivo consiste em fornecer o “esquema arquitetônico” da obra; por isso, ela exigirá muito mais esforço do que a primeira. A terceira leitura é conceitual. Você terá uma visão mais consistente dos termos e começará a desfrutar do vocabulário próprio de cada autor.

Um livro de filosofia política para começar a se divertir é Apologia de Sócrates de Platão. Desafio o leitor a saber o porquê.