Há um elemento importante implícito no desejo de emancipação: as instituições tradicionais da sociedade nasceram da lógica da opressão e da exclusão. Os identitários formam complexas redes de afeto para profanar essas instituições que representam o ado opressor da sociedade. É uma luta construída a partir de um desejo de preservação existencial e destruição, de resistência e vingança. O conteúdo da identidade, a substância do “nós somos”, não é a liberdade e a cidadania, mas o grito de dor e revolta. Faz sentido? Claro que faz. 4c1m2j

E para essa luta fazer sentido e mobilizar paixões no espaço público, a linguagem política precisa ser cada vez mais domesticada pela narrativa de dor e revolta. A gente fica discutindo limites da liberdade de expressão sem perceber que, por exemplo, o problema de todo autoritarismo não são restrições no espaço público, mas sua capacidade de seduzir corações e domar o espaço da vida interior pelo símbolo da culpa. Então, é ridiculamente óbvio, pois se trata do corolário da vingança, que qualquer crítica a uma pauta identitária deverá ser compreendida como sendo a posição de um inimigo mortal contra a própria democracia liberal.