À parte de ter sido extremamente inoportuno, o presidente também foi irresponsável e inconsequente. Sua acusação é gravíssima e as possíveis motivações para que tenha dito algo assim, da maneira como disse, não incluem nenhuma opção ética, honesta ou inteligente. Em primeiro lugar, como Bolsonaro pode ter certeza de fraude se ainda não tem as provas em mãos? Sua fala deixa entender que conseguirá as provas em breve. Ora, se ainda não as tem, então tudo o que tem é uma teoria de fraude, e teorias dessa natureza não devem sair da cabeça de quem as formulou até que se provem verdadeiras. Então, se realmente não tem as provas nas mãos, o presidente da República falou o que falou para causar uma ruptura democrática, ou para criar uma cortina de fumaça e evitar o espinhoso tema do dia, ou porque tem problemas mentais e não consegue filtrar o que deve manter consigo e o que deve falar em público, ou ainda uma combinação dessas opções. Não existe nenhum cenário em que a fala de Bolsonaro seja justificada se ele ainda não tem as provas em mãos.

Mas e se ele já tiver as provas de que a eleição foi fraudada? Nesse caso, sua fala continua sendo de uma irresponsabilidade ímpar. O processo eleitoral justo é um dos pilares da democracia representativa. Se há provas reais de fraude, a situação é gravíssima e deve ser tratada como tal. Isso significa envolver os três poderes, o Ministério Público, a Polícia Federal e quem mais seja preciso para tratar uma rachadura que pode ser fatal ao país. A última coisa que o presidente da República deve fazer é jogar o troço no ventilador e torcer para respingar em seus inimigos políticos. Novamente, não existe justificativa ética, honesta ou inteligente para a descabida declaração de segunda-feira.

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Some-se a essa absurdo toda a longa ficha corrida de declarações ofensivas, impróprias, inadequadas e inoportunas de Jair Bolsonaro, e o resultado é exatamente o que disse ali no segundo parágrafo: superação da até então imbatível Dilma. A ex-presidente falava muita besteira, muita mesmo, mas sempre foi mais ridícula que ofensiva, mais patética que raivosa. ou para a história como alguém que falava nada com nada, a presidente do cachorro oculto, do estoque de vento, da pasta de dente que volta para a embalagem. Uma pessoa completamente inapta para o cargo que ocupou.

Bolsonaro constrói, dia após dia, uma imagem diferente em natureza, porém igual em intensidade. A continuar assim, ará para a história como alguém sem limites para a ofensa e constrangimento, uma voz raivosa e ao mesmo tempo inflada com autopiedade. E, caso não tenha as provas do que falou, poderá também se equiparar a Dilma no quesito de impedimento. Em resumo, uma pessoa completamente inapta para o cargo que ocupa.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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