Queira (e se prepare) para ter um cargo público efetivo, mas não transforme isso na meta da sua vida. Supervalorizar a estabilidade não é interessante para ninguém, nem pra indústria dos concursos, já que na falta de bons editais as empresas acabam sem produtos para oferecer aos clientes. E vendo pela ótica do concurseiro, é preciso pensar nas vantagens de um contrato temporário, já que nem todo candidato tem o privilégio de sair do ensino médio ou da graduação direto para o cargo efetivo. Às vezes é preciso percorrer degrau por degrau.
O orientador de estudos Ricardo Beck ressalta que “ao tomar a decisão de ar num processo seletivo simplificado é preciso entender que é temporário! Ou seja, você precisa planejar como istrará os recursos que serão investidos para a busca de um novo cargo, e fazer valer a pena ter assumido a função”.
O professor ainda completa a importância do investimento futuro. “Ao receber seu primeiro salário é importante já investir naquele tão sonhado curso de redação ou matemática, por exemplo, para que seja um diferencial no concurso dos seus sonhos”.
Ademais, em tempos de crise também é preciso reavaliar as prioridades. A primeira delas é entender o princípio da supremacia do interesse público sobre o particular. Não se trata do que o concurseiro quer e sim do que é melhor para a sociedade. Se a istração pública precisa manter a máquina em funcionamento e a escolha mais adequada para o momento é contratar temporariamente, não critique! Quem está dentro do governo conhece mais da situação estatal do que quem está fora.
É claro que, como o nome já diz, a solução é temporária e não definitiva. Os contratados pelo INSS em 2020, por exemplo, não serão responsáveis por suprir o enorme déficit de servidores que saíram da autarquia nos últimos cinco anos, mas no momento o concurso precisa ficar em segundo plano para o bem dos segurados que aguardam atendimento. A urgência é cuidar da população que está à espera de atendimento e reestruturar o órgão, e só então trazer novos servidores para a instituição.
Em segundo lugar é preciso enxergar oportunidades ao invés de fracassos, escolher “ver o copo meio cheio e não meio vazio”. Se um concurseiro está sem trabalho e possui as qualificações exigidas, por que não ter um contrato temporário? Mais do que dinheiro, esse funcionário ganha experiência e tem a chance de experimentar a máquina pública antes de gastar dois ou três anos estudando.
O que mais se vende hoje nas mídias sociais é que ar num concurso é a solução dos problemas financeiros e profissionais, mas infelizmente a realidade é bem diferente, já que trabalhar para o governo é tão difícil (ou até mais) do que estar na iniciativa privada. Não se engane, há muitos concurseiros que depois da posse descobriram que não gostavam da atividade pública. Ser temporário traz a chance de ver como é fazer parte do quadro da istração antes de ingressar num cargo efetivo, é como um namoro antes do casamento.
E em terceiro lugar, os temporários obrigatoriamente contribuem para o Regime Geral de Previdência Social, o que significa que é possível alguém ser temporário durante a vida toda mantendo a regularidade previdenciária. Há, por exemplo, estados e municípios que usam o PSS para preencher o seu quadro de professores e tais contratados trabalham por anos ando por uma nova seleção de tempos em tempos. Eles têm direito a licenças, férias, recebem alguns adicionais, décimo terceiro salário, recolhem a contribuição previdenciária e, no futuro, terão direito a aposentadoria garantida por uma vida de dedicação à máquina pública.
O problema não é estudar para concursos, a questão (como já dissemos) é supervalorizar a estabilidade que o cargo efetivo oferece. Não é de se irar que a maior parte da sociedade critique o quadro de servidores do governo, já que enxergam uma máquina incapaz de prestar um serviço público de qualidade. Querer trabalhar no governo é ótimo, mas enquanto o edital do cargo efetivo não vem, não despreze as oportunidades que o estado oferece. Sei que é difícil de acreditar, mas quando um órgão escolhe a contratação temporária ao invés do concurso público é porque é a melhor escolha para a sociedade. E sim, geralmente o estado sabe o que faz!
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