O mundo experimenta esta tendência. Até pouco tempo atrás, a leitura e a repercussão dos acontecimentos estavam sempre ou quase sempre moduladas e filtradas por um olhar iluminista e marxista. As pessoas, mesmo na contramão de um sistema de poder coletivista e fechado, descobriram a força e o brilho da liberdade.
Alheios a esse movimento, o presidente Lula e ministros do STF fazem uma dobradinha para diminuir e enfraquecer o papel do Congresso Nacional. Um persegue a sua agenda de domínio, aumento do alcance e do tamanho do Estado e fortalecimento de alianças com governos socialistas e autocráticos ao redor do mundo. Os outros avançam incessantemente com suas pautas identitárias e decisões tomadas à margem de preceitos constitucionais, num ativismo judicial sem precedentes na história do país. Ao agirem dessa forma ensimesmada, apartada dos anseios de boa parte da população, ignorando essa crescente onda conservadora, Lula e o STF não parecem realizar o quanto estão testando os limites da obediência e do respeito às autoridades instituídas que é muito comum e arraigado na população brasileira. Parecem não perceber que suas decisões e atos são cada vez menos vistos como justos e legítimos.
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Apoio popular, está claro, nem o presidente nem os ministros do Supremo possuem. Nenhum deles poderia, nos dias de hoje, colocar os pés na rua sem escolta armada, sob o risco de serem apupados ou veementemente oestados pelo cidadão comum. Se é assim, de onde vem o poder que lhes permite agir contrariamente à vontade de um contingente tão gigantesco de brasileiros? Por que o Congresso não lhes impõe os devidos contrapesos? Certamente, tem papel relevante o apoio obtido à custa das barganhas, das liberações de verbas, da concessão de favores e privilégios e a subserviência e vassalagem de incontáveis entidades de classe. Embora relevantes, esses apoios não são suficientes para se afrontar cotidianamente a maior parte do país.
A tendência de intensificação dessas duas ondas antagônicas pode provocar um desfecho desastroso: uma atitude crescente de enfrentamento e de desrespeito à lei e à ordem, a ruptura do “law abiding”. Se o cidadão sente que o Estado não lhe representa, que afronta a Constituição em benefício de um grupo que o domina, e que crescentemente lhe oprime, pode cair na tentação da desobediência civil, ou pior, da transgressão. E isso é muito preocupante.
Parece que definitivamente estamos nas mãos da capacidade de julgamento e do bom senso dos ministros do STF, do realismo político do presidente da República e da coragem moral do Congresso Nacional. Que Deus proteja o Brasil!