Segundo a nota, políticos que respondem a processos criminais “sabem que terão guarida através da atuação de ‘poderosos’ profissionais que conhecem como transitar nas brechas da lei e nas sombras dos processos, não em busca do reconhecimento de sua inocência, mas de um estratagema nefasto que impeça que a Justiça seja aplicada”.
Os signatários também se insurgiram contra outra “manifestação esdrúxula proferida em momento de êxtase ideológico para agradar e amaciar o ego inflado do ex-presidiário Lula”: o dr. Mariz assegurou que a “advocacia brasileira assumiria um compromisso de estar ao lado de Lula, procurando recolocá-lo na Presidência da República.” Não senhor! A Advocacia brasileira não compactua com essa fala e nem assumirá compromisso de caminhar ao lado de um criminoso condenado pela Justiça para recolocá-lo na Presidência da República. Se tal premissa se concretizar, demonstrará que o Brasil é um País doente em estado terminal de uma sepse combinada de corrupção, injustiça e impunidade.”
A nota é um lampejo de sensatez num debate público monopolizado pela histeria a soldo daqueles que enricam a cada traste milionário livrado da justiça – ou livrado pela Justiça, o que o leitor preferir. A jornalista Thais Oyama descreveu o Prerrogativas, coletivo de (des)aplicadores do Direito, como a “fina flor dos advogados criminalistas do país, daqueles que só topam se sentar para conversar a partir de sete dígitos” e são afeitos ao “agradável som do tilintar de moedas”.
Dentre os “causídicos das bancas de ouro” empenhados na causa petista, um nome se destaca pelo comportamento oportunista e sabujo dispensado a Lula: o já citado Antonio Claudio Mariz. Alcunhado pelo espirituoso Augusto Nunes como doutor em cinismo, Mariz coleciona clientes notórios como os assassinos Pimenta Neves e Suzane von Richthofen. Contudo, foi a defesa de Michel Temer, um amigo de longa data, que recolocou Mariz na periferia dos holofotes à espera de uma nomeação para Ministro da Justiça. O cargo não veio e Mariz se foi... para o colo de Lula, a quem agora jura vassalagem incondicional – em seu nome e em nome de toda a categoria que não representa, como ficou explícito na nota de repúdio acima.
Dos bastidores pelo impeachment de Dilma ao compromisso vexatório com a candidatura de Lula, a pirueta política do fluido dr. Mariz salta aos olhos, mas a infidelidade não surpreende: sua laia se notabiliza por colocar interesses particulares (seus e dos clientes) acima de questões comezinhas como a coerência, a ética, a verdade e a justiça. Flagrado em vídeo advogando sua antiga tese de que “não se combate crimes e corrupção com cadeia”, o protagonista da maior vergonha pública da história nas carreiras jurídicas já teve oportunidade de se defender da incompreensão da sociedade sobre a atuação de certos criminalistas e seus respectivos honorários, tão altos quanto suspeitos:
“Essa é uma grande hipocrisia da sociedade, que valoriza tanto o “ter”, que aplaude quem ganha dinheiro, o artista, o jogador de futebol, o banqueiro, o cantor. Essa sociedade aplaude quem tem dinheiro e crítica honorários de advogados. Esses são valores devidos pelo nosso trabalho. É um contrato bilateral. Você pede, alguém aceita e paga” – exceto no caso dos corruptos atendidos por Mariz e seus colegas, onde é a sociedade que paga pelo crime e pela defesa, enquanto o advogado finge ignorar a origem da sua elevada remuneração.
Mas parece que, dessa vez, o doutor em cinismo errou na pedida ao exortar profissionais direitos do Direito a reconduzirem à Presidência da República alguém incapaz de cumprir as leis do país. Errou também ao se despir publicamente dos trapos de moralidade que ainda cobriam suas vergonhas intelectuais... agora é explícito! – a advocacia que ele pratica, as ideias que ele defende e os círculos que ele frequenta. Que a reação a tudo isso não seja pontual e que o “efeito Mariz” desencadeie a exposição das teses (e dos cúmplices) do lulopetismo nas bancas criminais.