“Dever-se-ia pensar que um conservadorismo digno do nome poderia nomear prontamente o nosso mal e inspirar oposição com uma visão alternativa.

“Longe disso. O movimento conservador é incapaz de diagnosticar a natureza de nossa doença, muito menos abordá-la, porque incompreende-lhe a natureza e colabora cegamente com seu agravamento. O próprio conservadorismo está ‘desordenado’ porque desdenhou da prioridade da ordem.

“Como a ‘missão’ de tantas das suas organizações sugere, bem como os principais argumentos repetidos pelos seus líderes, segundo o conservadorismo contemporâneo, o mundo moderno está sofrendo de um excesso de opressão. Carente de qualquer outro vocabulário, recorre ao pressuposto batido de que todo problema pode ser entendido por meio da dicotomia liberdade X opressão. Os hábitos entranhados levam à conclusão, já em morte cerebral, de que nos deparamos agora com uma renovação da opressão comunista. Quase todo conservador bestseller alega que a ameaça surge de um totalitarismo marxista renovado – agora descrito como ‘marxismo cultural’. Tentativas de silenciar palestrantes em campi, cancelamento, controle sobre transações financeiras e confinamentos e o policiamento dos pronomes são todos vistos como evidência da corrosão totalitária das nossas liberdades.

“Há alguma verdade nessa percepção, mas uma verdade parcial, e, no frigir dos ovos, enganosa, por causa da sua parcialidade. A maior parte do que é experimentado como opressão é, na verdade, a imposição policiada da desordem, acompanhada pela supressão dos defensores da ordem. Isto é, a privação da liberdade é, numa maneira teleológica, secundária na tarefa de impor a desordem.”

Deneen escreveu isto, e é melhor pararmos por aqui.

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