
O leitor pode então olhar com calma para o Sol Negro, o Wolfsangel e a insígnia do Batalhão Azov:
No vídeo da BBC, vemos a Ucrânia revolucionária de 2014. Ali vemos duas milícias rondando as ruas com tacos de baseboll, bolas de ferro e armas de fogo. Um é o já referido Batalhão Azov, que usa as cores da bandeira da Ucrânia, e outro é o Setor Direito, que usa vermelho e negro. O Setor Direito hoje é, ao mesmo tempo, um partido político e uma milícia. O Batalhão Azov foi incorporado ao Exército da Ucrânia. Tal como os SS que usavam o Wolfsangel, os Azov são voluntários.
No vídeo da BBC, vemos um rapazote explicando que eles simpatizam, sim, com o Nacional-Socialismo; que ele mesmo quer a Ucrânia para os ucranianos, de modo que a população russa tem que ir embora.
Pois muito bem: essas milícias (vemos isso nos míseros seis minutos do vídeo da BBC) substituíram a polícia e ficam fazendo rondas. O batalhão de Azov, em particular, domina Donbass. Vocês podem vê-los no vídeo da Vice fazendo rondas noturnas. Em 99% das vezes, dizem, pegam apenas casais namorando. E no 1%, o que fazem?
Se vocês acreditam em qualquer foto de ucraniana bonita com fuzil, poderiam olhar mais material apócrifo. Em 2015 veio a público um vídeo em que ucranianos pregam um russo numa cruz e em seguida incendiando-o. O vídeo volta e meia é apagado, mas agora voltou a aparecer. (Quer um banho de mundo cão? Dar para ver aqui.) Segundo o jornal espanhol Público, o vídeo foi vazado e denunciado por hackers que queriam que o governo da Ucrânia tomasse providências contra a perseguição a russos. O homem crucificado seria um militante pró-russo.
Esse batalhão surgiu em 2014, o ano da Revolução da Dignidade. Eu não tenho a menor pretensão de ser entendida em geopolítica ucraniana, então vou me limitar ao básico: um presidente pró-Rússia foi deposto e substituído por um pró União Europeia. Isso causou ainda mais instabilidade no leste da Ucrânia, onde há muitos russos étnicos – ou seja, o sujeito que até pode ser nascido e criado na Ucrânia, mas fala russo. Essas áreas fizeram referendos e decidiram por se separar da Ucrânia. Estavam dispostos a pegar em armas, assim como os ucranianos estão hoje. E desde então há guerra na área. Poderia ser considerado guerra civil, se o Batalhão Azov não integrasse o Estado ucraniano. Rússia e Ucrânia am um acordo em Minsk para acabar com a guerra, mas, como ponderou o embaixador brasileiro, nenhum dos lados o cumpriu. A guerra seguiu.
É uma tolice dizer que a Ucrânia é uma democracia. Assim como não há democracia na Venezuela, onde os coletivos chavistas (também de inspiração neonazista) acossam a população, não há democracia na Ucrânia. Como pode haver eleições livres e limpas sem polícia, com milícia? A Ucrânia é ainda mais cara de pau do que a Venezuela, já que os coletivos não foram incorporados ao Exército.
Por fim, sempre haverá quem aponte que Zelenski é judeu. Que seja. Glenn Greenwald é judeu, e nunca vi ninguém – nem Glenn Greewald – negar que Matt Hale é neonazista. Greenwald é judeu, e defendeu pro bono um líder neonazista acusado de (depois condenado por) encomendar, de dentro da cadeia, o assassinato de uma juíza. Existem pessoas complicadas. O meu palpite é que Zelenski foi posto lá para evitar acusações de neonazismo. Os neonazistas ucranianos odeiam mais os russos do que os judeus. Zelenski poderia andar de menorá na mão pra cima e pra baixo, que nada mudaria o fato de o Estado por ele chefiado ter uma milícia neonazista incorporada ao Exército.
Então ficamos assim: os Estados Unidos e a União Europeia enviam armas à Ucrânia para combater a Rússia – ou os russos étnicos do Leste da Ucrânia. Parece o roteiro dos Talibãs, um grupo violento, fanático, que ganhou armas dos Estados Unidos para combater a União Soviética. A diferença é que na época não tinha Twitter para um monte de abestalhado ficar dizendo que é lindo o povo afegão pegando em armas para combater os russos.
Para piorar, não custa informar que Zelenski tem, com os Estados Unidos, um programa para prevenir ameaças biológicas. Os laboratórios ucranianos estão atualmente estudando vírus aviários, suínos e outros. (Está aqui, no site oficial do governo.) Será pesquisa de ganho de função? Uma suspeita é que a pandemia gerada pelo vírus da covid só existe porque os Estados Unidos financiaram a pesquisa de ganho de função lá na China. Não podiam pesquisar em casa, por causa de leis, então transferiram da Carolina do Norte para Wuhan as pesquisas de ganho de função do coronavírus. É demais supor que a Rússia temesse uma arma biológica nas suas fronteiras?
E isso porque eles ainda têm Chernobil desativada, cheia de material para fazer bomba ou envenenar os outros.