Tribunal sem voto mais uma vez atropela os representantes eleitos do povo
Má notícia para os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem: o Supremo confirmou a decisão do ministro Barroso que impede a entrada em vigor de uma lei aprovada pelo Congresso, que institui um piso salarial para esses profissionais. É muito interessante que os legisladores, que foram eleitos para fazer leis, ficam meses discutindo o projeto, analisam os recursos disponíveis para instituir o piso, e fazem a lei, aprovada na Câmara e no Senado. Os congressistas receberam um voto popular para fazer isso, mas aí o caso vai para um tribunal em que ninguém tem voto popular, e o tribunal suspende a lei.
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A lei foi sancionada pelo presidente, foi publicada no Diário Oficial, mas os hospitais reclamaram. Os prefeitos dizem que o piso – que é de R$ 4.750 para o enfermeiro, que tem curso superior; 70% disso para o técnico de enfermagem e 50% para o auxiliar em enfermagem – vai dar uma despesa adicional de R$ 10,5 bilhões para as 5.570 prefeituras. Dividindo R$ 10,5 bilhões por 5.570, até que não fica tanto. Mas ameaçaram com demissões maciças e pouco atendimento para os hospitais. No fundo, ainda há outra coisa que precisa ser corrigida: o Estado não tem de se meter na iniciativa privada. O hospital privado, a clínica privada que se acertem com os seus funcionários, enfermeiros, técnicos e auxiliares.
Agora mesmo, o Estado está se intrometendo também na venda do iPhone 14, porque não veio com carregador. Isso é uma decisão de mercado; não se metam no mercado! Doutor Paulo Guedes deve estar sem dormir ao ver isso. Como se não estivesse todo mundo cheio de carregadores dos celulares antigos nas gavetas de casa. Essa é uma decisão entre vendedor e comprador. Se o comprador está irritado, faz questão do carregador, ele não paga, compra de oura marca ou outra plataforma, e pronto. Isso é mercado, não se metam no mercado.
O ministro Alexandre de Moraes desbloqueou as contas bancárias dos oito empresários investigados, justificando que o Sete de Setembro já ou e as contas tinham sido bloqueadas para eles não financiarem manifestações “antidemocráticas”. Eles iriam provavelmente financiar desordeiros, esses que pisam na bandeira, botam fogo na bandeira, quebram vitrines, entram na manifestação com barra de ferro... talvez sejam esses. Os empresários devem ter essa característica, eu nunca os vi fazerem nada isso, mas nunca se sabe... E eles ficaram sem crédito porque, com a conta bancária bloqueada, eles não podiam mais comprar nada. É o tipo de coisa que caberia bem naqueles programas de antigamente, programas humorísticos no rádio que eu ouvia quando era jovem. Ali faziam esse tipo de narrativa, e ríamos muito.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos