Se o Supremo tiver mais dois votos a favor, já forma a maioria. Quem está torcendo por isso é o vendedor da droga. E quem vende droga? Algum laboratório do Ministério da Saúde? Algum laboratório estatal? Não, é o traficante. Com o dinheiro da droga ele compra armas. Com as armas, ele domina territórios liberados no Rio de Janeiro, por exemplo, ou no litoral de São Paulo, ou em bairros paulistanos. Seria tão mais fácil perguntar ao povo, não? Ano que vem haverá eleição municipal, basta colocar uma pergunta, fazer um referendo. Se bem que não sei se adiantaria, porque no referendo de 2005, sobre armas, 64% votaram a favor da manutenção do comércio de armas, e depois veio o Estado brasileiro, fingindo desconhecer a vontade popular e restringindo o que havia sido liberado por vontade da maioria do povo.

E temos esse caso, que mostra como a droga tem força. Uma traficante foi presa em Belém do Pará, em meados de julho, com seis quilos de uma maconha ultraforte chamada skunk. Ela entrou com habeas corpus, que não foi concedido nem nas primeiras instâncias, nem no Superior Tribunal de Justiça. Quando o HC chegou ao Supremo, o ministro Luís Roberto Barroso disse que ela poderia ir para casa, em João Pessoa (PB), porque tem filho pequeno, com menos de 12 anos. Mas lá no STJ sabiam disso e a decisão não foi bem essa. A presidente do tribunal, por exemplo, disse que, entre os filhos e a droga, a traficante preferiu a droga. Deixou os filhos com a irmã, em João Pessoa, e foi vender droga em Belém do Pará, ou foi buscar para vender na Paraíba. Por isso não deram o habeas corpus no STJ. Mas vemos que há aí uma preferência, uma coisa estranha, muito estranha.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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