Numa eleição de 124 milhões de votos, decidida por pouco mais de 2 milhões de eleitores, destaca-se o quanto o não votar pode ser decisivo. 26 milhões de brasileiros deixaram que os outros decidissem. Não há como não lembrar de Pilatos, que lavou as mãos enquanto o povo optava por quem seria libertado ou crucificado.

O eleito leu um discurso após o resultado. Bonitas palavras, como os discursos do século ado – como ser um presidente de todos. Das palavras, resgatei a afirmação de que o crescimento econômico será repartido entre toda a população. Anunciou a volta das “conferências nacionais” da esquerda e que vai refazer tudo: “é preciso reconstruir este país na política, na economia, na gestão pública, nas relações internacionais” – um retrovisor dos 14 anos de PT. Disse que ninguém está acima da Constituição – parece recado ao Supremo. Ousou falar no “orgulho que sempre tivemos do verde e amarelo da bandeira”, mas uma parte sincera do discurso foi a afirmação de que a eleição “colocou frente a frente dois projetos opostos de país”. Nada encontrei sobre a intenção de prevenir a corrupção, nem uma posição sobre o teto de gastos, a conquista do equilíbrio fiscal aprovada no período Temer.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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