Índice dólar. Variação do dólar contra uma cesta de moedas (Euro: 57,6%, Yen: 13,6%, Libra Esterlina: 11,9%; Dólar canadense: 9,1%; Coroa Sueca: 4,2%; Franco Suíço: 3,6%). (Foto: Brinvesting)
Uma das políticas econômicas defendidas por Trump seria a adoção de barreiras protecionistas para produtos importados, encarecendo as mercadorias exportadas de outros países para os EUA.
Outra fonte inflacionária seria a deportação de imigrantes ilegais em massa. Como eles ganham, em média, menos que os americanos e residentes legalizados, a deportação dos imigrantes ilegais encareceria o preço da mão de obra norte-americana. A elevação dos salários para as empresas seria reada no preço final de mercadorias e serviços.
Por fim, a desregulamentação das atividades econômicas poderia aquecer a economia, trazendo uma elevação da demanda agregada com impactos inflacionários.
Com essas crenças, o mercado se antecipa, acreditando em mais inflação, com a consequente elevação de juros pelo Fed (Banco Central dos EUA) para conter a alta de preços. Os juros mais elevados no mercado americano elevam a demanda por dólares, fazendo a cotação subir contra outras moedas.
No entanto, não é apenas o cenário externo que tem impulsionado a alta da moeda americana. Sobretudo, é o cenário interno que explica a forte desvalorização do real, principalmente pela piora fiscal
O elevado endividamento, associado ao forte déficit primário, e a falta de comprometimento do governo em cortar gastos – vide o fraco pacote fiscal – aumentaram significativamente o risco de crédito do Brasil, ou seja, a probabilidade de o governo não pagar a sua dívida futuramente. Num cenário de mais incerteza, o investidor corre para uma moeda forte para se proteger. O aumento da demanda por dólares eleva a sua cotação perante o real.
É curioso que, mesmo com o diferencial de taxas de juros entre Brasil e EUA abrindo – Selic em alta e Fed Fund Rate em queda -, o dólar sobe. De acordo com a teoria econômica, com juros mais atrativos no Brasil em relação aos EUA, era para o dólar cair, e não subir.
Também é intrigante que, mesmo com leilões do Banco Central, o dólar não cede significativamente. Neste mês, a mesa de operações do Bacen ofertou mais de US$27,7 bilhões para segurar a desvalorização do real. Mesmo aumentando a oferta de dólares no mercado brasileiro, a cotação da moeda norte-americana não cedeu fortemente com os leilões.
Tanto a forte elevação da Selic, quanto os leilões de venda de dólares, não fizeram efeito para conter a guinada da moeda norte-americana. A possível explicação para a alta é que talvez já estejamos em dominância fiscal, situação pela qual um aumento de juros não faz efeito no combate à inflação por conta da piora das contas públicas.
Nesse cenário, a alta dos juros aumenta o custo da dívida, elevando o risco, e consequentemente, o dólar. Dólar mais elevado potencializa aumentos de preços ao produtor e ao consumidor. Em dominância fiscal, o dólar bater R$7,00 é perfeitamente plausível.
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Conteúdo editado por: Aline Menezes