Minha análise para o Brasil é simples: se tivermos sucesso em reduzir o déficit primário, se tivermos sucesso em reduzir o gasto público, se tivermos sucesso em recolocar o endividamento público numa trajetória decrescente com convergência para valores ao redor de 75% do PIB, o Brasil terá um excelente ano, e poderá ser o grande porto seguro do investimento mundial. Num mundo em instabilidade, onde ocorre uma grande realocação do portfólio mundial de investimentos (com capitais saindo de zonas de conflito e buscando um porto seguro) o Brasil tem tudo para ser a bola da vez (no bom sentido do termo). Basta cuidar do lado fiscal da economia e teremos um grande afluxo de capitais vindo para o Brasil gerando empregos, renda e crescimento econômico em nosso país.

Em resumo, o Brasil depende apenas de si mesmo para ter um bom desempenho econômico em 2024. Se fizermos a lição de casa no lado fiscal, evitando aumentar o gasto público num ano com eleições municipais, o Brasil tem tudo para se tornar o grande porto seguro do investimento mundial. Infelizmente, o oposto é igualmente verdadeiro para o Brasil: se o lado fiscal perder sua ancoragem, o Brasil se somará ao grupo de países instáveis e, em vez de receber investimentos, veremos o capital privado sair do país.

Como disse Fast Eddie, personagem de Paul Newman em The Hustler: é melhor ter 30% de alguma coisa do que 100% de nada. O cenário externo está instável demais para que qualquer país se aventure em grandes planos. O momento atual é de fazer os ajustes internos na economia; é de fazer o dever de casa e aguardar os ajustes que se aproximam da economia mundial.

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