A tradição, por vezes, deixa de estar de acordo com o modo de vida da sociedade. Nesses casos, há rupturas. Para evitar traumas, é fundamental que o ordenamento jurídico seja gradativamente ajustado, por incrementos pequenos e lentos, que possibilitem o ajuste social sem grandes fraturas. Esse é o cerne do pensamento conservador: nenhum ser humano é perfeito, logo toda obra humana é também imperfeita. Assim, a prudência recomenda mudanças marginais e lentas para permitir que o tecido social se ajuste à mudança. Essa cadência prudente é importante também para que seja possível reverter a mudança sem grandes custos sociais, em caso de ter ocorrido na direção errada.
Encerro lembrando que meus amigos libertários, por razões diversas, concordam com várias partes desse texto (vários deles criticam o direito de patente e de copyright). A diferença é que, enquanto este texto ressalta a importância da tradição e dos valores numa sociedade, e frisa a necessidade de um ajuste lento, os libertários ressaltam a desnecessidade de o Estado dar o monopólio legal a quem quer que seja. Os libertários são favoráveis a ajustes muito mais bruscos na sociedade.
Novas tecnologias e novos modelos de negócio exigirão novas formas de direito de propriedade. Criar uma legislação que permita e estimule a inovação e, ao mesmo tempo, esteja de acordo com a tradição e os valores de uma sociedade, não permitindo que conglomerados nacionais ou internacionais se sustentem com base em monopólios outorgados pelo Estado, é um desafio que devemos encarar, e sobre o qual devemos refletir.
VEJA TAMBÉM: