Em outro episódio, ocorrido no ano ado, a Polícia Federal deu início a um inquérito para apurar supostos indícios de crime de estelionato e difusão de notícias falsas em uma websérie apresentada por Sônia, que continha críticas ao governo federal. Na série, Sônia aparece falando sobre supostas violações de direitos contra os povos indígenas durante a pandemia de Covid-19.
No entanto, o juiz Frederico Botelho de Barros Viana, da 10ª Vara Federal de Brasília, determinou o trancamento imediato do inquérito em maio de 2021. Segundo o magistrado, a investigação seria uma tentativa de depreciar a atuação da Apib, entidade da qual Sônia Guajajara faz parte.
No ano ado, o mesmo juiz foi o responsável por absolver Lula em duas denúncias de corrupção apresentadas pelo Ministério Público. Em uma delas, o petista havia sido acusado de ter recebido propina, quando era presidente, para aumentar o limite da linha de crédito no BNDES da Odebrecht, para exportação de bens e serviços em Angola. Na outra, foi acusado de ter editado uma medida provisória para favorecer o setor automotivo em troca de recebimento de propina.
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Durante a campanha presidencial, Lula prometeu a criação de uma série de ministérios com o objetivo de angariar apoio para sua candidatura – uma das pastas prometidas pelo petista trataria de questões indígenas. Durante as atividades da equipe de transição, entretanto, o presidente eleito tentou voltar atrás e sugeriu converter o ministério em secretaria. A ideia foi rechaçada por lideranças indígenas que integraram o gabinete de transição, e Lula voltou atrás.
Outros pontos de tensão entre o petista e o movimento indígena surgiram nas últimas semanas – um deles tem a ver com o nome da pasta. Os ativistas ainda lutam para que o nome da pasta seja “Ministério Indígena” ou “Ministério dos Povos Indígenas”, mas a ideia enfrenta resistência por parte de lideranças petistas.
Atualmente, ativistas buscam avançar nas negociações para terem o comando da Funai e da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai). A Funai pertence atualmente ao Ministério da Justiça, mas deve ar a integrar a pasta a ser chefiada por Sônia Guajajara. No grupo técnico dos Povos Originários houve receio inicial de que tal mudança dificultasse a operação do órgão, mas ao final dos trabalhos do grupo a visão era de que o orçamento da Funai poderia viabilizar o ministério.
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