
s atitudes de Sandra dentro da penitenciária também comprovaram sua idoneidade. “Essa mulher foi um grande diferencial para e das outras meninas, que me falavam que só estavam bem, e vivas, por causa da pastora Sandra”, relata. “Ela foi alicerce dentro da Colmeia por ser uma mulher sábia, honesta e íntegra”.
Para Sandra, os meses sem contato com a família e sendo tratada como criminosa na prisão foram “extremamente difíceis”, mas ela conta que tentava manter-se firme para transmitir força às outras presas. “Eu fazia jejum, me consagrava e orava”, relata a pastora voluntária, que fundou uma igreja na sua ala com a realização de cultos diariamente.
Dessa forma, ela conversava com as presas, orava por elas e trazia mensagens bíblicas de paz para acalmá-las. “Todas estavam desesperadas, e algumas falavam em se matar”, conta. “Então, eu ouvia uma a uma, e clamava a Deus para que as tirasse de lá antes de mim.”
E não eram apenas presas do 8 de janeiro que ouviam seus conselhos. “Mulheres que estavam lá devido a crimes também me pediam orações e, no dia do meu aniversário, me fizeram uma surpresa cantando ‘parabéns’ quando saíram no banho de sol. Foi emocionante”, lembra a paulista, que também cuidava da saúde física das colegas.
“Como sou assistente de enfermagem e trabalhei em clínicas de idosos, meu coração não aguentava ver senhoras com comorbidades lá dentro sem os remédios que precisavam, comendo aquela comida e tomando banho gelado em pleno inverno”, recorda. “Eu tentava ajudar, dentro do que era possível, mas era bem difícil”, lamenta.
Ao mesmo tempo, Sandra também precisava cuidar da própria saúde física e emocional, já que o único contato que tinha com seus familiares era por cartas entregues pelos advogados. “Confesso que eu sentia muita vontade de chorar e lidava com a ideia de me matar, mas falava para mim mesma que eu não tinha esse direito porque outras mulheres precisavam de mim.”
Aos poucos, suas colegas foram deixando a prisão e, no mês de agosto, Sandra também recebeu o alvará de soltura para deixar o Complexo Penitenciário. “Perdi 15 quilos e agora lido com a rejeição das pessoas por usar tornozeleira.”
Segundo ela, é difícil conseguir trabalho devido ao horário restritivo, não é possível ir à igreja, e há dificuldade até para um tratamento simples de saúde. “Sou hipertensa e preciso usar meia elástica diariamente, o que não posso fazer devido ao aparelho no tornozelo”, explica. Além disso, “preciso gastar com condução toda semana para ir ao fórum, sendo que a situação financeira já está complicada”.
No entanto, ela confia que a situação mudará. “Estou orando e clamando pela anistia a todos os envolvidos no 8 de janeiro, sem exceção, e creio que, assim como o povo de Israel atravessou o Mar Vermelho, o povo brasileiro também vai ar por esse ‘Mar Vermelho’ da atualidade”, garante. Afinal, “quem está conosco é maior do que quem está com eles”, finaliza.
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