Na época, Monark teria se referido a Dino com palavras como “gordola”, e o ministro se manifestou pelo Twitter a respeito do caso. “Quanto aos criminosos que ofendem a minha honra, confio no Poder Judiciário, a quem entrego tais casos”, escreveu em suas redes.
Depois da postagem, Flávio Dino encaminhou uma queixa-crime contra o influenciador, que foi validada pela Justiça Federal de São Paulo em setembro. Monark chamou o caso de “perseguição política”.
“Flávio Dino não gosta de ser questionado ou contrariado, um comportamento que não é condizente com uma autoridade pública, especialmente na Corte mais elevada da Justiça Nacional”, afirma a advogada e ex-deputada estadual por São Paulo, Janaína Paschoal, que foi uma das figuras públicas bloqueadas por Dino nas redes.
Para o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS), a atitude de bloquear opositores em plataformas como Twitter contraria o princípio da transparência das autoridades públicas. “Ao negar à oposição a possibilidade de saber o que ele diz no seu Twitter [agora X], demonstra que tem aversão à atuação da oposição e, como ministro do STF, isso, sem dúvida, tende a se acentuar”, afirma o parlamentar.
O ex-ministro da Justiça também já processou parlamentares como o ex-deputado federal Deltan Dallagnol por questionamentos. “Fui processado por Dino no STF, que pediu ao ministro Alexandre de Moraes que me incluísse no inquérito das fake news depois de eu ter questionado como Dino entrou no Complexo da Maré sem fazer um acordo com o crime organizado”, afirma Dallagnol, pontuando também que o ministro da Justiça e Segurança Pública é “ativo para iniciar investigações contra adversários políticos”.
Durante programa gravado pelo canal independente de jornalismo MyNews, em 2019, quando Flávio Dino ainda era governador do Maranhão, ele afirmou ser “comunista, graças a Deus”. Durante a entrevista, disse que há bilhões de comunistas na China e citou uma frase do ditador chinês Xi Junping.
No entanto, ao ser questionado sobre países comunistas como a China, uma ditadura sem Judiciário independente, Flávio Dino afirmou não saber como é o regime chinês. “Realmente não conheço”, respondeu, ao pontuar que o Judiciário no Brasil não é independente e que ele defendia “a não partidarização do Judiciário, como aconteceu no Brasil”.
Durante a entrevista, Dino afirmou ainda que o estado comunista tem papel de “regulação” e que o nome comunismo é “bonito” e “poético”, afirmando que “comunismo é comunhão”. No entanto, a história mostra que essa ideologia matou milhões de pessoas — mais que o Holocausto — em regimes como o soviético de Stalin e o chinês de Mao Tsé-Tung, além de censurar as liberdades de imprensa, de expressão e a liberdade religiosa.
“É extremamente problemático que um indicado ao STF, responsável por proteger direitos fundamentais dos cidadãos — como a vida, a liberdade, a propriedade privada e a liberdade de expressão e de imprensa — se diga um orgulhoso comunista”, alerta o ex-deputado Deltan Dallagnol. “Uma ideologia que simplesmente não aceita a livre manifestação do pensamento”, completa o jurista Fabricio Rebelo.
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