“Necessário destacar que o processo de heteroidentificação integra uma política pública em permanente avaliação. Ajustes e aperfeiçoamentos serão debatidos e implementados a partir da experiência acumulada e aprovação dos órgãos colegiados da USP. Estamos convencidos que as comissões de heteroidentificação e as políticas afirmativas, lados de uma mesma moeda, têm garantido o processo de inclusão social e de construção de uma universidade pública mais diversa e socialmente plural, mantendo seu nível de excelência, recentemente reconhecido em rankings acadêmicos internacionais em posições de destaque nunca antes alcançadas”, afirma a USP.
Até o momento, 1.606 candidatos foram analisados pelas bancas julgadoras da instituição, dos quais 1.387 foram aprovados (86%); 187 foram considerados não aderentes à política de cotas (12%) e 32 não compareceram às oitivas (2%), segundo dados fornecidos pela universidade.
Mais de 200 cotistas não tiveram matrículas aceitas pela banca de heteroidentificação da USP.
A universidade esclarece que, para cada candidato desclassificado, outro é convocado para o processo. “É importante destacar que, para cada candidato considerado não aderente à política afirmativa, um novo candidato autodeclarado preto, pardo e indígena (PPI) é convocado para o processo de heteroidentificação. Assim, por exemplo, no curso de Medicina em São Paulo já estão matriculados 37 novos alunos pretos e pardos, embora o processo ainda não tenha sido finalizado. Ao final dele serão 46 ingressantes PPI”, afirma a USP.
A USP salienta que adota a política de cotas desde 2017, mas reitera que aprimorou o processo seletivo em 2023 após denúncias de fraudes.
“Entre 2018 e 2022, a USP implementou cotas étnico-raciais, aceitando exclusivamente as autodeclarações dos candidatos. O processo se mostrou inadequado, gerando insegurança entre os estudantes. Foram centenas de denúncias contra discentes, que incidiram em qualquer momento de seu curso, resultando em processos que, por vezes, levaram a desligamento em anos finais da graduação. Em decorrência da insegurança permanente e dos transtornos causados aos estudantes, e buscando impedir as fraudes às políticas afirmativas, a USP adotou, em 2023, as comissões de heteroidentificação”, diz a universidade.
A USP ressalta que a política de cotas adotada pela faculdade tem resultados significativos. “As mudanças decorrentes dessa política são evidentes. A USP tem, hoje, dentre seus 60 mil estudantes de graduação, 45,1% que cursaram o ensino médio exclusivamente em escolas públicas, sendo 23,2% autodeclarados pretos, pardos e indígenas”.
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