Na atual conjuntura, ela destaca, logo após a ascensão do governo Lula, uma série de providências para eliminar o deputado Dallagnol na cena política, que deverão ser seguidas de outras tendo Moro como alvo. “O sistema ainda não contente pretende reunir todas as forças para tentar condenar penalmente os ex-protagonistas da Lava Jato, assim como tem anulado todos os processos decorrentes da operação, por meio de precedentes jurisprudenciais recentes do STF. “Tais pressupostos em conjunto com a polarização política nos permitem afirmar a Lava Jato já acabou”, disse.
Vera disse ainda que o país assiste à aplicação da “vingança privada” dos tempos primitivos, com a diferença de usar a estrutura estatal para concretizá-la. Paralelamente, observa-se a aplicação de um “direito penal do inimigo”, no qual o sistema transforma heróis em vilões, dando-lhes tratamento “especial” em relação aos demais cidadãos, relativizando ou mesmo eliminando direitos e garantias fundamentais. Assim, protagonistas e coadjuvantes da Lava Jato não estão protegidos pela Constituição, ao contrário de atores que “estavam envolvidos em atividades ilícitas e que agora integram a estrutura istrativa e política do Estado”.
O jurista Fabricio Rebelo, por sua vez, lembrou que a operação Lava Jato adquiriu contornos políticos que agora são determinantes para a perseguição sofrida por Moro e Dallagnol. “Infelizmente, parece mesmo que a Lava Jato, que deveria se restringir a questões jurídicas, descambou para uma abordagem política, sendo agora determinante de uma perseguição a quem esteve à frente da operação”, comentou.
Para Cláudio Caivano, defensor de 15 manifestantes presos nos atos de vandalismo de 8 de janeiro, a Lava Jato está pagando preço elevado por suas próprias contradições. Segundo ele, a parte visível da operação foi “a luta hercúlea e justa contra a corrupção sistêmica, o crime de colarinho branco, o uso do erário público com fim particular”. Mas o que estava oculto, segundo ele, era o seu uso da lei com fim político, contra o devido processo legal e com o aval do STF, à época. “O legado da Lava-Jato está sendo destruído, juntamente com a democracia”, disse o advogado.
Em recente entrevista ao portal Perfil, o procurador-geral da República, Augusto Aras, expressou duras críticas à Operação Lava Jato, alegando que prejudicou negócios de importantes empreiteiras brasileiras, especialmente a Odebrecht, e resultou no desemprego em massa de três milhões de pessoas. Aras argumentou que a operação criminalizou a política e causou perdas significativas nos negócios e legados empresariais, os quais são difíceis de serem recuperados. Além disso, ele destacou que a Lava Jato permitiu que corporações estrangeiras ocuem o espaço deixado pelo investimento em infraestrutura no país, ampliando a presença estrangeira.
As declarações de Aras foram rebatidas pelo procurador Rodrigo Chemim, em entrevista recente à Gazeta do Povo. "É um absurdo completo, quase como se sugerisse que não interferir na corrupção seria melhor, tolerando-a como se fosse a graxa da engrenagem econômica do país desde os anos 1970".
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