“O plano B desse resgate era justamente o plano de atentados no Brasil todo contra autoridades e sequestros também. Seria uma retaliação à remoção dessa liderança e a presença dessa liderança, que já está fazendo quatro anos que conseguimos removê-la para o sistema penitenciário federal”, disse. 2c13o
A operação foi realizada por cerca de 120 agentes, com a apreensão, ainda, de um automóvel e uma motocicleta de luxo, dinheiro em espécie guardado em um cofre, relógios e correntes.
A descoberta da organização criminosa e a realização da operação ocorreram um dia depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizer que pretendia se vingar do ex-juiz quando estava preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, entre os anos de 2018 e 2019, onde ou 580 dias detido. Moro foi o responsável pela condenação que o levou à prisão no processo referente ao tríplex do Guarujá, que teria sido adquirido com dinheiro de propina da construtora OAS.
Durante a apresentação dos detalhes da operação desta manhã, Flávio Dino contestou que a descoberta do plano contra autoridades tenha relação com a fala de Lula. “Não se pode pegar a declaração de ontem e vincular a uma investigação de meses. Não temos nenhum aparelhamento politico do estado”, completou.
Tom semelhante foi adotado por Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, em um pronunciamento no final da manhã. De acordo com ele, a operação foi realizada "sem olhar para qual partido, ideologia, governo, situação em que essas pessoas estão, simplesmente cumprindo o nosso dever constitucional e legal".
"Tenho repetido isso pelas unidades que tenho ado, pois considero essencial que todo policial federal assimile como um mantra o que deve ser a base de toda e qualquer investigação: o trinômio qualidade da prova, autonomia investigativa e responsabilidade", completou.
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Pouco depois da deflagração da operação, o ministro Flávio Dino disse nas redes sociais que está convocando uma reunião com agentes de segurança para discutir medidas e propostas contra o crime organizado em todo o país.
"Estou convidando os secretários de Segurança dos Estados, a PF e a PRF [Polícia Rodoviária Federa] para uma reunião na próxima semana no Ministério da Justiça. Vamos atualizar a avaliação sobre a situação no país e debater mais medidas e propostas na área da Segurança Pública", disse.
A afirmação vem, também, na esteira dos ataques criminosos contra bens públicos e privados ocorridos há mais de uma semana no estado do Rio Grande do Norte, onde já são contabilizados 201 atentados em mais de 50 cidades. Segundo as autoridades de segurança potiguares, os ataques são cometidos também por facções criminosas que atuam dentro e fora dos presídios.
Em 2019, durante o primeiro ano como ministro da Justiça, Sérgio Moro assinou uma portaria junto do então presidente Jair Bolsonaro (PL) que ordenou a transferência de Marcola, para a Penitenciária Federal de Porto Velho (RO) após a descoberta de um plano de resgate do presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau (SP), onde estava detido.
Marcola é considerado o chefe máximo do PCC e dividia a penitenciária com outros líderes de facções rivais, como Comando Vermelho, Família do Norte e aliados do Terceiro Comando Puro. Além Marcos Camacho, também foram transferidos outros 21 membros do PCC para os presídios federais de Mossoró (RN) e Porto Velho (RO).
Na época, investigações apontaram que a facção pretendia utilizar um exército de mercenário para o resgate de Marcola e de parte da cúpula do PCC em Presidente Venceslau, com o bloqueio de rodovias e ataques a viaturas e ao helicóptero da polícia. Um plano semelhante de atentados contra autoridades também foi descoberto pouco antes, em 2018, caso a transferência do líder fosse determinada – o que não se concretizou.
Segundo a inteligência policial, o ex-secretário do governo da Secretaria de istração Penitenciária (SAP) Lourival Gomes, um diretor de presídio e um deputado estadual eram alvos. O total de penas impostas a Marcola ultraa 300 anos.
Pouco mais de um mês depois, Marcola foi transferido para o presídio federal de Brasília após a descoberta de um plano de fuga, o que gerou reação do governador Ibaneis Rocha (MDB). "Não podemos instalar o crime organizado dentro da capital da República", disse na ocasião.
Marcola, no entanto, ficou em Brasília até 2022, quando o então ministro da Justiça, Anderson Torres, determinou a transferência mais uma vez ao presídio rondoniense. Outro suposto plano de fuga descoberto em janeiro deste ano fez o ministro Flávio Dino, também da Justiça, ordenar a volta do líder do PCC para a capital federal.
A mesma facção criminosa citada por Moro foi alvo de uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) nesta terça (21) na cidade de São José do Rio Preto, interior de São Paulo.
Segundo o MPE-SP, a operação teve como alvo o tráfico de drogas e outros crimes relacionados à facção, sendo que um dos investigados já estava preso e comandava as operações de dentro do presídio.
Ao todo, a operação do Gaeco cumpriu sete mandados de prisão e dez de busca e apreensão.