Segundo o senador, Lula voltou a lotear cargos públicos na istração direta e nas empresas estatais assim como fez em seus dois mandatos anteriores, e que as crises de corrupção “pelo jeito, são previsíveis”. O ex-juiz diz que o presidente vem aumentando a estrutura burocrática do governo e que isso vai levar ao “relaxamento dos controles”. 1i4u19
As falas foram feitas em referência à volta da discussão do projeto de lei que prevê a prisão em segunda instância, que Moro conseguiu desarquivar e que pretende colocar em discussão quando surgir “o melhor momento político”.
“É uma questão de condições. As condições estão presentes ou ausentes”, questionou citando o relaxamento da Lei das Estatais por conta das indicações de Aloizio Mercadante para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de Jean Paul Prates para a da Petrobras.
De acordo com ele, o governo “está fazendo um movimento contrário, porque quer distribuir cargos das estatais para ganhar apoio político. Muitas vezes isso acaba menosprezando o aspecto técnico. Então você vai gerando as condições para que retornem os casos de corrupção”.
Moro reconhece que é importante existir um núcleo de cargos políticos na istração federal, mas ao cargo de ministros. No restante da estrutura, “quanto mais perfil técnico, melhor”.
“O que a gente vê nas notícias é que a demora para nomeação dos superintendentes da Polícia Rodoviária decorre desses acertos políticos. Não sei se é verdade, mas começar a lotear os cargos de superintendentes de órgãos de polícia é um modelo que não dá certo”, disse lembrando que, quando ocupada o cargo de ministro da Justiça, orientou as superintendências da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal que indicassem profissionais de perfil técnico.
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Sergio Moro ocupou o cargo de ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL) entre os anos de 2019 e 2020, e deixou o governo alegando uma suposta interferência do ex-presidente na Polícia Federal. No entanto, se reaproximou dele na campanha eleitoral do ano ado, quando se elegeu senador.
Para o ex-ministro, essa reaproximação foi apenas por um “apoio ao Bolsonaro no segundo turno [da eleição] por conta da oposição ao Lula. Em nenhum momento eu me retratei daquilo que eu disse”.
Moro diz que, hoje em dia, não tem relação próxima com o ex-presidente e nem voltou a fazer parte do grupo político dele. Enfatizou, ainda, que se elegeu senador sem o apoio do ex-presidente, apenas com suas “bandeiras próprias”. Essas bandeiras, diz, são voltadas ao combate à corrupção e fomento ao agronegócio.
“A principal preocupação é ligada ao discurso equivocado do governo federal. Os agricultores foram chamados de fascistas pelo presidente. Eu não me sinto representante do agro propriamente dito, mas defenderei os interesses do agro porque coincidem com os interesses do país”, completou.