Wajngarten declarou que a defesa de Bolsonaro acionou o ministro Luiz Fux, do STF, solicitando que desconsidere pedido de habeas corpus preventivo impetrado pelo advogado Jeffrey Chiquini da Costa, com objetivo de evitar que o ex-presidente seja detido por liderar o ato político. Para especialistas, a motivação para isso seria caso ele fizesse apologia ou incitação ao crime. Eles, contudo, divergem sobre a hipótese de mera convocação já ensejar prisão preventiva, motivada pelo receio de violação da paz pública. Isso ocorreria porque o ex-presidente é, no momento, investigado por suposta participação em crimes contra a democracia.
De acordo com o roteiro do ato de domingo, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi escolhida para fazer a abertura por meio de uma oração, seguida da execução do Hino Nacional. Espera-se na sequência discursos, de três minutos, dos deputados Gustavo Gayer (PL-GO), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Coronel Zucco (PL-RS); dos senadores Magno Malta (PL-ES), Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Rogério Marinho (PL-RN), além do governador de São Paulo e do pastor Silas Malafaia, cuja Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo é a patrocinadora dos carros de som.
Em vídeo divulgado no domingo (18), Malafaia pediu aos fiéis que orassem e fizessem jejum por 12 horas em “favor da nossa nação” no dia do depoimento de Bolsonaro à PF. Ele reforçou o pedido para que não sejam levados cartazes e faixas. Em mensagem divulgada nas redes sociais neste sábado (24), o líder religioso previu que o ato será uma festa pacífica da democracia, com a proteção da Polícia Militar. Bolsonaro chegou a São Paulo neste sábado (24) pela manhã e se hospeda no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, a convite do governador.
Sob o lema de “Deus, pátria, família e liberdade”, a manifestação contesta a perspectiva de o ex-presidente pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos. Ele já foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por suspeitar da segurança do sistema eletrônico de votação. Bolsonaro e sua defesa negam em suas declarações qualquer envolvimento em irregularidades.
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A grande aposta de Bolsonaro para tentar mostrar força política, apesar de estar inelegível até 2030, depende do total de pessoas presentes e da participação de outros nomes relevantes da política. Não por acaso, houve forte mobilização nos últimos dias da direita em favor do 25 de fevereiro. Caso mostre capacidade de continuar agregando em torno de si a maioria das forças conservadoras, Bolsonaro assume de vez o posto de principal cabo eleitoral de 2024 e de 2026. Do contrário, a direita tende a reorganizar-se com outros nomes. Pesquisa do instituto Atlas Intel, divulgada este mês, indica que 42,2% da população vêem investigações contra Bolsonaro como perseguição e 40,5% discordam.
De 2019 e 2022, quando era presidente, houve série de protestos em favor de Bolsonaro, com críticas ao Judiciário. Em 7 de setembro de 2021, por exemplo, o ex-presidente afirmou, também na Avenida Paulista, que não cumpriria mais decisões proferidas por Alexandre de Moraes. “A paciência do povo se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida”, discursou. Dois dias depois, ele divulgou carta na qual disse não ter “intenção de agredir quaisquer dos poderes”.
Em resposta à organização do ato do domingo, o diretório paulista do PT apresentou representação ao Ministério Público Eleitoral (MPE) do Estado, alegando que o ato pode repetir o 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas. Além de estudar outras medidas para barrar o evento, governistas procuraram nos plenários e na imprensa afugentar participantes, inclusive com ameaça de prisões em massa.
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