“Vai ter lugar em que o lockdown é necessário? Vai ter lugar em que eu vou poder pensar em flexibilização? Vai. O que eu preciso é que a gente pare de tratar disso de forma radical, até para que a gente tenha tranquilidade para implementar as medidas em cada lugar do País.”

No exterior, os lockdowns mais rigorosos foram adotados onde houve crises mais agudas da Covid-19, como em Wuhan, na China, onde surgiu a doença, e no norte da Itália.

O que acontece de diferente quando se decreta lockdown?

Em inglês, lockdown significa confinamento. Na crise do coronavírus, o termo tem designado o bloqueio total de um perímetro urbano, para que não haja entrada e saída de pessoas. Normalmente, ele é acompanhado de medidas mais extremas também de restrição da circulação interna, como a penalização de pessoas físicas ou jurídicas que desrespeitem decretos do governo. Além disso, o uso de máscara geralmente a a ser obrigatório nos poucos casos em que a circulação é permitida.

O Ministério da Saúde define o lockdown ou bloqueio total como o nível mais alto de segurança do isolamento social, que “pode ser necessário em situação de grave ameaça ao sistema de saúde”. A finalidade desse tipo de bloqueio é evitar que o total de infectados aumente muito rápido e isso cause sobrecarga nos hospitais.

O principal diferencial desse tipo de isolamento para os outros é que “todas as entradas do perímetro são bloqueadas por profissionais de segurança e ninguém tem permissão de entrar ou sair do perímetro isolado”, de acordo com a pasta.

O Ministério menciona o “alto custo econômico” como a maior desvantagem dessa medida, mas diz que ela é eficaz para “dar tempo para reorganização do sistema em situação de aceleração descontrolada de casos e óbitos”. Ressalta que os países que implementaram esse tipo de bloqueio “conseguiram sair mais rápido do momento mais crítico” de expansão da Covid-19.

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Quais são os outros tipos de isolamento

O Ministério da Saúde classifica ainda outros tipos de isolamento social: o Distanciamento Social Seletivo (DSS) e o Distanciamento Social Ampliado (DSA).

O tipo seletivo é aquele que vem também sendo chamado de isolamento vertical: apenas alguns grupos ficam isolados, especialmente aqueles que, segundo os órgãos de saúde, apresentam mais riscos de desenvolver a doença ou podem apresentar um quadro mais grave, como idosos e pessoas com doenças crônicas ou condições de risco como obesidade e gestação de risco.

No distanciamento seletivo para a Covid-19, as pessoas abaixo de 60 anos podem circular livremente, desde que estiverem assintomáticas. O isolamento seletivo prevê retorno gradual das atividades comerciais e laborais.

Já o distanciamento social ampliado é aquele que tem sido posto em prática pela maioria dos municípios e entes federativos do Brasil desde março.

É uma estratégia em que todos os membros da sociedade são instados a permanecer em suas residências. Decretos de prefeitos, governadores ou do presidente determinam o fechamento do comércio e de outros estabelecimentos, além de proibir as aglomerações, para incentivar o isolamento e restringir ao máximo o contato entre pessoas.

O isolamento ampliado não prevê, contudo, o fechamento dos perímetros e a proibição de entrada e saída dos cidadãos, como se faz no lockdown. Além disso, as medidas de controle e punição da circulação de pessoas nas ruas costumam ser mais brandas do que nos casos de locais que adotaram bloqueio total.

Segundo o Ministério da Saúde, o distanciamento ampliado é “essencial para evitar uma aceleração descontrolada da doença” e não está focado exclusivamente na Covid-19, mas “em todas as situações de concorrência por leitos e respiradores”.

Tanto o lockdown como o DSS e o DSA são diferentes da quarentena, ao menos no uso oficial da terminologia. Embora a expressão “quarentena” esteja sendo empregada para definir situações diversas de decretação de isolamento social por autoridades, o termo designa, a rigor, a restrição total de circulação de pessoas ou grupos que estejam contaminados, para que não disseminem o vírus.