, o procurador Walter José Mathias Júnior, que representou o MPF na audiência, disse que ao trazer a denúncia, Duran não trouxe elementos, provas ou fatos novos que fundamentassem as acusações. “O Tacla Duran anteriormente chegou a fazer tratativas de uma colaboração premiada que não foi à frente, porque se viu que ele não tinha elementos de prova do que se referia na época. Agora o caso vai ser remetido à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República. Mas é um assunto requentado, que teve um arquivamento no ado e que se ele não trouxer fatos novos se manterá o arquivamento”, prossegue o procurador.

"Alguém que busca fazer sua defesa por meio de colaboração premiada é porque pretende reconhecer condutas criminosas que cometeu e apresentar provas contra outros agentes. As tratativas da colaboração pretendida por Tacla Duran em seu benefício não avançaram por ausência de elementos de corroboração por ele trazidos. Agora, ados vários anos, é improvável que tenha esses elementos que poderiam ter lhe beneficiado no ado”, finaliza o membro do MPF.

Quem é Tacla Duran

O advogado foi apontado pelos procuradores da Lava Jato como “um grande operador” do esquema de corrupção, acusado de lavagem de dinheiro. Em 2016, ele teve a prisão preventiva decretada por Moro, chegou a ser preso na Espanha, mas acabou liberado e não foi extraditado por ter dupla cidadania.

Até este mês, Tacla Duran era considerado foragido da justiça brasileira. No último dia 16, entretanto, Appio revogou o pedido de prisão preventiva contra ele. A decisão ocorreu com base em uma determinação de Lewandowski, que suspendeu cinco processos da Lava Jato que utilizaram provas concedidas por delatores da Odebrecht.

Desde 2017, Duran faz acusações contra Moro e Zucolotto, sem até o momento ter apresentado elementos que comprovem as denúncias. Ele alega que teria recebido uma proposta de Zucolotto para obter vantagens em uma delação premiada, posteriormente frustrada, com a força-tarefa em 2016. Entre elas, uma suposta redução no valor da multa delatória. Segundo Duran, o acordo previa o pagamento de US$ 5 milhões em troca de benefícios no acordo de colaboração.

Moro cita "uso político de calúnias" e destaca ausência de provas

Em nota enviada à Gazeta do Povo, Moro afirmou que “não teme qualquer investigação, mas lamenta o uso político de calúnias feitas por criminoso confesso e destituído de credibilidade”.

“Trata-se de uma pessoa que, após inicialmente negar, confessou depois lavar profissionalmente dinheiro para a Odebrecht e teve a prisão preventiva decretada na Lava Jato. Desde 2017 faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou. Tenta desde 2020 fazer delação premiada junto à Procuradoria Geral da República, sem sucesso. Por ausência de provas, o procedimento na PGR foi arquivado em 9/6/22”, disse o ex-juiz.

Deltan chama juiz de "lulista" e diz que audiência é "cortina de fumaça"

O ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato e agora deputado federal, Deltan Dallagnol (Podemos-PR), criticou a realização da audiência por Appio. O parlamentar chamou o juiz de "lulista" e "midiático" em uma série de postagens no Twitter.

"Adivinha quem acreditou num dos acusados que mais tentou enganar autoridades na Lava Jato? Ele mesmo, o juiz lulista e midiático Eduardo Appio (mais conhecido como LUL22), que nem disfarça a tentativa de retaliar contra quem, ao contrário dele, lutou contra a corrupção", diz Deltan.

Ele faz referência a notícia de que Appio teria adotado a sigla "LUL22" como identificação eletrônica no sistema da Justiça do Paraná, o E-proc, entre 2021 e o início deste ano. O deputado se refere a Tacla Duran como um "mentiroso compulsivo, criminoso confesso e lavador de dinheiro profissional". Para Deltan, a audiência é um "cortina de fumaça" para "desviar o foco dos erros do governo".

"A verdade é que tanto o governo quanto a militância estão até hoje sem direção depois dos desastres políticos e de comunicação criados por Lula na semana ada, e por isso tentam criar cortinas de fumaça pra desviar o foco dos erros do governo, que eles não conseguem explicar", afirmou.

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