A pasta reforçou que as medidas de distanciamento social visam, principalmente, reduzir a velocidade da transmissão do vírus, que ocorreria de modo controlado em pequenos grupos e daria tempo para o sistema de saúde preparar sua estrutura com equipamentos e recursos humanos. Por isso, dividiu as estratégias de isolamento em três vertentes principais:
Não houve medida de bloqueio total adotada no Brasil. O que o ministério vai flexibilizar é permitir que estados e municípios que adotaram o modelo DSA façam a substituição pelo DSS. Com a medida, o ministério pretende permitir a retomada gradual da circulação e da atividade econômica, uma das principais preocupações do presidente Jair Bolsonaro, que entrou em rota de colisão com governadores de todo o país que adotaram medidas amplas de distanciamento social.
Por outro lado, regiões com mais da metade da capacidade ocupada e com coeficiente de incidência 50% superior à estimativa nacional deverão devem manter regras de isolamento amplo até que seus sistemas de saúde estejam providos de leitos, respiradores, testes, equipamentos de proteção e equipes de saúde suficientes.
A pasta avalia que no Brasil os pontos de epidemia ainda estão localizados. “Considerando as fases epidêmicas (epidemia localizada, aceleração descontrolada, desaceleração e controle), na maior parte dos municípios a transmissão está ocorrendo de modo ”, diz o documento.
O coeficiente de incidência nacional do coronavírus é de 5,7 casos a cada 100 mil habitantes. E o ministério vê com preocupação a situação de cinco estados que extrapolaram a taxa média de incidência: Distrito Federal (15,5 casos a cada 100 mil habitantes) e dos estados do Amazonas (12,6 casos a cada 100 mil habitantes), Ceará (11 casos a cada 100 mil habitantes), São Paulo (10,5 casos a cada 100 mil habitantes) e Rio de Janeiro (8,4 casos a cada 100 mil habitantes). “Nesses locais, a fase da epidemia pode estar na transição para fase de aceleração descontrolada”, explica o texto.
VEJA TAMBÉM:
O secretário de vigilância do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, não deu detalhes da medida na entrevista coletiva realizada nesta segunda. O ministro Luiz Henrique Mandetta não participou do briefing porque estava no mesmo horário de reunião no Palácio do Planalto com o presidente Jair Bolsonaro e outros integrantes do governo, que discutiu sua permanência no cargo.
Oliveira explicou a razão de tanto cuidado do ministério em adotar a medida. "A teoria do distanciamento social seletivo, em que eu abro o sistema para que populações jovens possam transitar, se infectar e criar com isso imunidade de rebanho, em teoria ela é razoável. Não tem problema do ponto de vista metodológico, desde que tivéssemos leitos, respiradores e equipamentos de proteção suficientes", afirmou o secretário. "O único instrumento de controle existente, possível e disponível é o distanciamento social".
O presidente Jair Bolsonaro vem criticando medidas de isolamento amplo ao afirmar que a estratégia prejudica a economia nacional. Ele contraria as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e as do ministro Mandetta. O assunto é uma das divergências entre o mandatário e o seu auxiliar. Bolsonaro tem criticado a atuação de Mandetta nos últimos dias chegando a dizer que lhe faltava "humildade".