“O seu maior problema é justamente o seu elevado custo. Ele [o auxílio emergencial] custa quase 20 vezes mais que o Bolsa Família por mês. Para ser financiado de forma sustentável, exigiria não somente uma adequação dos valores da linha de pobreza e dos benefícios, como também cortes em outras despesas e aumento da carga tributária”, diz Pedro Nery, economista e consultor do Senado Federal. 3t206n

Vinícius Botelho, especialista em políticas públicas e ex-secretário do Ministério da Cidadania, também concorda que o auxílio emergencial é uma política que custa muito caro na comparação com programas já existentes. “São R$ 40 bilhões por mês de despesa com o pagamento do auxílio, isso é mais do que o Orçamento corrente do Bolsa Família por ano”, lembra.

Se virar permanente, programa pode custar R$ 600 bilhões por ano 1g6a2z

“Imaginando que o benefício possa chegar a 70 milhões de beneficiários, o valor da despesa chega rapidamente a R$ 50 bilhões por mês, R$ 600 bilhões por ano [caso vire um programa permanente]”, completa Botelho. Hoje, a maior despesa do governo federal são os benefícios previdenciários. A expectativa é gastar R$ 682,7 bilhões, o que representa 46,1% do Orçamento previsto para o ano antes da pandemia e do Orçamento de Guerra.

Para Nery, perenizar o auxílio emergencial demandaria uma reforma estrutural do Estado brasileiro. “Reveríamos outros benefícios, a folha de salários dos servidores, as renúncias de impostos, a subtributação dos mais ricos. Portanto, manter o auxílio emergencial de forma sustentável diz respeito não apenas aos economistas, porque é uma disputa política.”