Riscos do racionamento 1f4s59

No último domingo (29), a Sociedade Brasileira de Imunizações publicou um informe técnico com mais cinco instituições científicas e encaminhado ao Ministério da Saúde, alertando para as consequências do racionamento da vacina BCG, que vem ocorrendo há seis anos e fez com que a vacinação deste público não alcançasse a meta durante esse tempo. Entre janeiro e outubro de 2020, somente 63,8% dos brasileiros receberam a vacina BCG.

Causas da falta da BCG 6t11w

O fornecimento da vacina BCG diminuiu por questões logísticas e de importação do Ministério da Saúde, que tenta remediar os efeitos da interdição, desde 2016, da única fábrica nacional, pelo não cumprimento de exigências feitas pela Anvisa. As instalações pertencem à Fundação Ataulpho de Paiva, localizada no Rio de Janeiro.

Segundo o informe da SBIm, “em um momento de baixas coberturas, quando os esforços deveriam ser para ampliação dos estoques e da busca ativa das crianças para aumentar a cobertura vacinal, a orientação do Ministério da Saúde vai em via contrária. A aplicação precoce do imunizante, imediatamente após o nascimento, é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, diz, assinalando que o baixo número de vacinados colabora para que o Brasil continue fora da lista de países que alcançam a meta de imunização infantil, o que ocorre há pelo menos seis anos.

Desperdício imenso 3kh6l

No ano de 2021, de janeiro a maio o Paraná aplicou em torno de 54,6 mil doses, ou seja, pouco mais de 10% das doses que o estado ará a receber em um único mês após essa adaptação do Ministério da Saúde.

O disparate entre esses números, segundo o pediatra e infectologista Renato Kfouri, diretor da SBIm, ocorre pelo número de doses nos frascos. “Chegam muito mais doses do que o número de nascidos no país, em torno de 3 milhões, porque o frasco vem com 10 doses. Uma vez aberto ele vale por 6 horas, então as perdas são muito grandes. Por isso tem essa diferença de distribuir milhões de frascos e a aplicação de bem menos doses,  pois a perda chega a 90%, dependendo do município”, explica ele. “Tem município em que nascem 10 crianças por mês e se abre 10 frascos e só faz uma para cada um que chega”, explica.

Cobertura vacinal está abaixo do índice ideal 3g2s60

Os números de doses aplicadas anualmente no estado vêm caindo consistentemente, de 168 mil em 2015 para 119 mil doses no ano ado. De acordo com o Datasus, este ano a cobertura vacinal da BCG no Paraná está em 32,79%, abaixo do índice nacional, de 41,3%. Nos doze meses de 2021, o Paraná alcançou cobertura de 79%, ainda abaixo do considerado ideal, de no mínimo 90% (índice atingido pela última vez em 2019).

Em consulta à Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, a Gazeta do Povo foi informada que o comunicado do Ministério da Saúde foi disparado, à época, para as 22 Regionais de Saúde, quando houve a orientação para “que os municípios agendassem a imunização ainda na maternidade, definissem quais unidades disponibilizariam a vacina e instruíssem a população sobre a importância do agendamento, devido ao estoque limitado”. Essa medida, diz a secretaria, otimiza as doses, diminui o risco de descarte e garante maior cobertura do imunizante.