A situação é a mesma na rodovia BR-376 para quem vai para Santa Catarina. Há apenas dois trechos onde está autorizado o uso dos radares móveis – o primeiro no meio da serra, entre os quilômetros 622 e 633, e outro já perto da divisa entre os estados, entre os quilômetros 676 e 684. 121i2d
Não há no site do DNIT informações retroativas ao período anterior às determinações do presidente quanto à suspensão de uso dos radares móveis e ao cancelamento da instalação de novos radares fixos. A reportagem tentou contato com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que é quem opera os radares móveis para saber como está a utilização destes equipamentos nas estradas, mas não houve retorno por parte da assessoria de comunicação do órgão no Paraná.
Uma reportagem da Gazeta do Povo de fevereiro de 2021 trouxe dados da PRF que mostravam queda no número de acidentes provocados por excesso de velocidade nas rodovias federais do Paraná entre 2010 e 2020. À época, a professora do curso de Engenharia Civil da PUC-PR e mestre em Trânsito Fabiana Bartalini Von der Osten creditou a queda de quase 70% neste tipo de ocorrência, pelo menos em parte, à instalação de equipamentos de fiscalização de velocidade.
“Na BR-376, ali na região de Ponta Grossa em sentido a Curitiba, na Serra de São Luiz do Purunã, havia muitos acidentes antes da concessão. Depois que essa rodovia foi concessionada, o número de acidentes caiu drasticamente, porque foi recuperada a pista, foram instalados radares, a velocidade foi mais controlada, tem sinalização com aquele ‘olho de gato’ em toda a via. Como há um controle maior na velocidade dos veículos, seja pelos radares fixos ou pelos móveis da PRF, os acidentes tendem a ser menos graves. As pessoas têm respeitado mais os limites de velocidade. E, por mais que tenha o acidente, a velocidade é menor e ele se torna menos grave”, comentou.
No site do DNIT, os radares citados pela especialista não aparecem como estando em operação.
Rodolfo Alberto Rizzotto é coordenador do programa SOS Estradas, um grupo de estudos independente que tem como objetivo aumentar a segurança nas estradas. No estudo “Indústria da Multa ou Fábrica de Criminosos do Trânsito?” ele apresenta diversos dados que reforçam a necessidade do uso da tecnologia de controle de velocidade nas rodovias como forma de preservar vidas.
Rizzotto compara a realidade brasileira com exemplos de países europeus que conseguiram reduzir o número de mortes com o uso extensivo de fiscalização. Segundo ele, nos locais onde há mais radares escondidos, os resultados são mais efetivos. “A imprevisibilidade das operações de fiscalização de velocidade é essencial, porque tem efeito dissuasivo, estimulando os condutores a dirigirem dentro dos limites de velocidade, não importando onde ou quando”, afirmou.
Usando dados da PRF, o estudo mostra que no mês seguinte à proibição do uso de radares móveis determinado pelo governo federal, o número de mortos nas estradas federais de todo o país aumentou 15%.
“Ao invés de procurarmos onde está a ‘Indústria da Multa’, temos que focar no desmonte da ‘Fábrica de Infratores’. Afinal, quem comete infração assume o risco inclusive de pagar por isso. Não pode haver, por parte da autoridade, pudor em punir o infrator. Afinal, cabe à autoridade preservar vidas no trânsito. Punir é uma forma de evitar os acidentes e também educar”, avaliou Rizzotto.
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