Como o aterro é estruturado em camadas, uma infiltração de água mal monitorada também pode causar deslizamentos, assim como alterações naturais da conformação do terreno, uma acomodação causada pela redução paulatina da matéria orgânica, que vai sendo degradada. 2a5v6g
“O monitoramento geotécnico é exigido, visto que o aterro trabalha com a diminuição do volume orgânico, avaliando a atividade no corpo do aterro e se há um movimento que mereça atenção, para que se adotem intervenções que previnam acidentes”, diz Marques dos Reis.
Ele cita que essa acomodação faz surgir espaços entre as camadas, que no Caximba foram dispostas como cinco metros de lixo, intercaladas por um metro de terra, formando uma “camada de bolo”. “Até o momento, não percebemos uma movimentação grande, mas vemos que houve uma redução de geração de gás e de chorume, porém o acompanhamento pode durar 30 anos, há aterros pelo mundo que são monitorados por mais de 50 anos”, compara ele.
Como o aterro desativado da Caximba permanecerá por décadas inviável de receber alguma modificação substancial na estrutura, a prefeitura de Curitiba decidiu instalar placas fotovoltaicas no local, no que é chamada de Pirâmide Solar do Caximba.
As obras foram licitadas e a empresa vencedora teve a ordem de serviço assinada em fevereiro. Agora caminham os projetos executivos (fase final, de acordo com a prefeitura), com instalação dos canteiros de obras. A capacidade instalada dessa estrutura será de 4,5 MWp e deve começar a funcionar em janeiro de 2023, com energia que deve abater parte dos custos do aterro desativado.
Depois de mais de dois anos após suspensão pelo Tribunal de Contas do Paraná, o edital de licitação para o tratamento do lixo de Curitiba e Região Metropolitana teve data de publicação informada: será em 6 de setembro. A proposta promete descentralizar a triagem e o tratamento dos resíduos e reduzir o papel dos aterros, atendendo à Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pelo governo federal em abril e que reforça a determinação para o encerramento de todos os lixões no país até 2024.
O foco em aterro zero é uma tendência mundial nas grandes cidades, segundo Ana Flávia, visto que não é a melhor saída simplesmente enterrar o resíduo, o que gera um ivo muito grande. “O foco é reciclagem dos materiais e a compostagem de resíduos orgânicos, que são transformados em adubo, que volta para a terra em forma de nutrientes. Enterrar resíduo é enterrar recursos e matérias-primas, algo descartado em países desenvolvidos”.
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