
Freitas e Traiano batem boca na Alep from Gazeta do Povo on Vimeo. 4a645u
O empresário que fez o pagamento da propina gravou as conversas com os parlamentares sob a alegação de se proteger ao entender que, se não pagasse o valor, não teria o contrato renovado. As gravações foram entregues à Justiça quando o empresário firmou acordo de delação premiada. Ao chegar ao conhecimento da imprensa, o ANPP chegou a ser alvo de censura, a pedido de Traiano.
Além do caso da propina, Traiano protagonizou outras polêmicas, como na operação Quadro Negro, que apurou desvios de cerca de R$ 20 milhões que deveriam ter sido aplicados em obras e reformas de escolas estaduais durante o governo do atual deputado federal Beto Richa (PSDB). Traiano e Richa eram do mesmo partido na época.
Em uma colaboração premiada do empresário Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora Valor, Traiano foi apontado como beneficiário do esquema com rees financeiros definidos em reuniões que teriam ocorrido na residência de Beto Richa. Seriam recursos não declarados para a campanha de Traiano como deputado estadual em 2014.
Em 2018, foi solicitada a instauração de inquérito relacionado à Quadro Negro e, entre os documentos que seguiram às investigações, estavam mensagens trocadas pelo WhatApp entre o dono da Construtora Valor e o presidente da Alep, indicando que o deputado interferiu diretamente na liberação de pagamentos a empreiteiras que executavam obras de escolas estaduais.
Em 2018, durante uma entrevista sobre o caso, Traiano chegou a afirmar que não havia se reunido com o dono da construtora Valor e que o conheceu na Alep, negando recebimento de quaisquer recursos.
O MP-PR não informou os desdobramentos deste processo envolvendo Traiano. Em novembro deste ano, o ex-governador Beto Richa se tornou réu no caso. Richa afirmou se tratar de denúncia requentada e perseguição política. Disse ainda que nunca solicitou a prática de condutas criminosas e que os fatos já foram esclarecidos.
O nome de Traiano também foi mencionado no âmbito da operação Lava Jato, em delações que envolveram a Odebrecht. Segundo as denúncias, Traiano estaria vinculado a doações de caixa dois de campanha envolvendo a Cervejaria Petrópolis, no ano de 2010. Traiano também não se pronunciou, até o momento, sobre o assunto.
Em outro percalço envolvendo seu nome, no ano de 2017, o deputado Ademar Traiano chegou a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), mais uma vez com o MPPR, onde se comprometia a não participar mais em "eventual ilícito" e assim deixou de responder a um processo na Justiça por improbidade istrativa.
No alvo da apuração estava o pagamento de salários a servidores comissionado no gabinete de Traiano, de 2001 a 2006, acima dos tetos remuneratórios da istração pública. Segundo o site G1, o ato envolvia o filho de Traiano, nomeado no gabinete dele da Alep.
O deputado se comprometeu a devolver R$ 355 mil em 36 parcelas para não responder judicialmente. Questionado, o deputado não havia se pronunciado sobre o caso até a publicação desta reportagem.
O MP-PR foi indagado se a do TAC não interferia diretamente na do ANPP homologado em 2022, mas até a publicação desta reportagem, o órgão também não havia se pronunciado.
No ano ado, a dupla Traiano-Miró voltou aos holofotes durante a polêmica da "lei do lixo", que chegou a ser aprovada na Casa e permitia, com a derrubada de um veto do governador, que o Paraná recebesse resíduos de outros estados.
Entre as empresas que operam no tratamento específico do lixo e que poderiam ser beneficiadas pela lei estava uma em nome dos filhos de Traiano e de Miró. Por 29 votos a 13, os deputados derrubaram um veto parcial do governador Ratinho Junior que não permitia o envio de resíduos de outros estados ao Paraná. Do comando da Casa, mesmo sem poder votar, Traiano chegou a pedir aos deputados que derrubassem o veto à lei que estabelecia as novas regras de funcionamento de aterros sanitários, coletas e tratamento de resíduos sólidos.
Diante da repercussão negativa do caso, em agosto do ano ado Traiano disse que a derrubada do veto não seria promulgada e que a decisão havia sido tomada após debates entre deputados, especialistas no tema e entidades que representavam o setor produtivo. Procurado novamente para falar do assunto, Traiano não se manifestou. Plauto Miró não foi localizado pela reportagem para comentar as denúncias.
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Sobre o sigilo imposto ao ANPP firmado com o Ministério Público, o órgão de acusação afirmou, em nota, que “reitera que os procedimentos investigatórios sob sua responsabilidade, nos âmbitos criminal e civil, não obstante marcados pela complexidade instrutória, estão totalmente concluídos, tendo, inclusive, sido submetidos às instâncias de validação interna e externa”.
“No entanto, em razão dos sigilos impostos por lei e reiterados por decisões judiciais específicas, ainda não se pode pronunciar sobre o conteúdo deles, sob pena de incorrer no art. 325 do Código Penal. A SubJur informa também que a decisão proferida pelo desembargador Rosaldo Elias Pacagnan, da 20ª Câmara Cível, no agravo de instrumento nº 0112361-36.2023.8.16.0000 reconhece a origem ilícita do vazamento, mas, ainda assim, legitima provisoriamente o seu uso pela imprensa. Todavia, não retirou, e nem poderia retirar, na compreensão do MPPR, os sigilos impostos pelos magistrados responsáveis pelos respectivos casos”.
Por fim, reforça que "os esclarecimentos detalhados serão prestados quando do levantamento desses sigilos, medida de transparência previamente já averbada pela Subjur nesses procedimentos”, considerou o MPPR.
Cronologia do caso envolvendo Ademar Traiano (PSD)
Dezembro de 2012
Licitação
Cronologia do caso envolvendo Ademar Traiano (PSD)
A TV Icaraí, do grupo J. Malucelli, vence licitação para produção de conteúdo para a TV Assembleia.
Agosto de 2015
Pedido de propina
Cronologia do caso envolvendo Ademar Traiano (PSD)
Segundo Vicente Malucelli, à época responsável pela Icaraí, o pedido de propina de R$ 300 mil foi feito pelo deputado Ademar Traiano. Plauto Miró estava presente na reunião.
Julho de 2016
Operação Sépsis
Cronologia do caso envolvendo Ademar Traiano (PSD)
J. Malucelli é mencionado em desdobramento da Lava Jato que trata de desvios em Fundos de Investimentos da Caixa Econômica Federal.
Fevereiro, março e setembro 2018
Mais operações envolvem o grupo; J. Malucelli é preso
Cronologia do caso envolvendo Ademar Traiano (PSD)
A J. Malucelli é implicada nas operações Integração, Buona Fortuna e Piloto. Em setembro, na operação Rádio Patrulha, do Ministério Pùblico Estadual, o empresário Joel Malucelli é preso.
Agosto de 2020
Acordo de leniência
Cronologia do caso envolvendo Ademar Traiano (PSD)
Empresas do grupo J. Malucelli, incluindo a TV Icaraí, fecham acordo de leniência com o MPF e o MP-PR, confessando ter participado de atos ilícitos.
Dezembro de 2022
Acordo de Não Persecução Penal
Cronologia do caso envolvendo Ademar Traiano (PSD)
Com o avanço das investigações, Traiano e Miró assinam um acordo em que item ter pedido e recebido propina. Eles devem devolver R$ 187 mil como reparação.
Outubro de 2023
Processo no Conselho de Ética
Cronologia do caso envolvendo Ademar Traiano (PSD)
Em outubro de 2023, Traiano move uma representação contra o deputado Renato Freitas (PT), após ter sido chamado de "corrupto" em uma sessão plenária.
Dezembro de 2023
Defesa de Freitas inclui trechos do processo
Cronologia do caso envolvendo Ademar Traiano (PSD)
Nas alegações finais do processo no Conselho de Ética da Alep, a defesa de Freitas inclui trechos do processo que contêm a delação de Malucelli. O acordo com a confissão do presidente da Alep vem à tona.
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