
O ofício da OAB-PR que pede a saída de Traiano da presidência da Alep também foi encaminhado ao corregedor da Assembleia, o deputado Artagão de Matos Leão Junior, do mesmo partido de Traiano e Ratinho Junior. v4g43
No pedido, a OAB-PR reforça a “imperatividade do respeito intransigente à Constituição, às instituições democráticas e aos princípios da probidade istrativa”, e destaca que além do dever de probidade, os agentes públicos têm o “dever de emanar uma imagem irretocável de integridade”.
Para a entidade, o acordo “relativo a caso de corrupção relacionado ao cargo que [Traiano] ocupa abalou significativamente o prestígio dessa Casa de Leis, o que demanda ações concretas e efetivas para o restabelecimento da dignidade do Poder Legislativo paranaense”.
Apesar do posicionamento contrário a qualquer tipo de punição a Traiano no partido comandado por Ratinho Junior, o governo do Estado optou por não se manifestar sobre o assunto protagonizado pelo presidente da Alep. “Esse não é um assunto que envolve o governo do Estado. não vamos nos manifestar.”
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Nos bastidores, no entanto, a informação é que Ratinho Jr. e Traiano teriam se reunido, na semana ada, na cidade de Foz do Iguaçu, para debater estratégias de enfrentamento à recente crise.
Há quem considere que Traiano possa apresentar sua carta de renúncia na presidência na sessão desta segunda-feira (11) apesar de o deputado afirmar que “não há nenhuma investigação em andamento sobre os documentos divulgados, que estão em segredo de Justiça”.
Em nota enviada por sua assessoria, Traiano destaca que o Ministério Público do Paraná firmou com ele um “acordo já homologado pelo Tribunal de Justiça do Paraná no ano ado” e que “esse documento sigiloso foi vazado ilegalmente, conforme já atestado pelo Ministério Público e pela própria Justiça”.
“Apesar de uma decisão judicial ter liberado a imprensa de divulgar sobre os documentos já vazados, o sigilo dos atos processuais persiste, impondo-se que as devidas explicações sejam dadas apenas no momento oportuno”, considerou ao se referir à decisão proferida pelo desembargador do TJ-PR Rosaldo Elias Pacagnan na noite da última quarta-feira (6), que derrubou a censura imposta.
Plauto Miró não foi localizado para comentar o caso. No acordo que ele e Traino am com a justiça, ambos se comprometem a devolver R$ 187 mil aos cofres públicos – de um total de R$ 100 mil cada recebidos em propina para que não respondessem a um processo criminal.
O sigilo sobre o caso é alvo de uma série de questionamentos, dentro e fora da Alep. Para o deputado Fabio Oliveira (Podemos), a manutenção de Traiano no comando da Casa é insustentável e reforçou que, se o sigilo tivesse caído em 2022, o resultado das eleições poderia ter sido outro.
Traiano está na vida pública há mais de 40 anos e é seu nono mandato como deputado estadual. Ele está na presidência da Alep, com o apoio de Ratinho Junior, em seu quinto mandato iniciado em 2023.
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Pedido de propina
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