O padrão normal da transmissão da influenza aviária tem sido registrado a partir de aves selvagens migratórias. Estas são, segundo a Embrapa, “hospedeiros naturais e reservatórios dos vírus da gripe aviária”. Uma única ave migratória pode transportar várias cepas diferentes, em cenários que fazem a infecção variar entre inofensiva e letal para estes animais. Porém, alerta a Embrapa, os suínos, quando criados em sistemas de produção mistos com as aves, podem ser hospedeiros intermediários da doença.
Os vírus mantêm potencial de transmissão da doença por longos períodos, especialmente em locais frios. Segundo a Embrapa, patos seguem transmitindo a influenza por cerca de 30 dias após a infecção inicial. Além das fezes, o contato com ovos quebrados, carcaças de animais mortos ou até mesmo a água por onde essas aves aram pode transmitir a doença. “A disseminação de surtos muitas vezes é causada também por equipamentos, veículos e roupas contaminadas e trânsito de pessoas em áreas com a doença”, alertou o órgão.
“É muito difícil impedir o fluxo de aves silvestres. Nós estamos em plena rota de aves migratórias, não há como ter esse controle. Só que impedir que essa doença chegue até as unidades de produção industrial é uma responsabilidade tanto da Adapar quanto da iniciativa privada, os produtores e as indústrias. Ainda temos tempo de fazer essa prevenção. Identificamos falhas de procedimento e processo nos nossos vizinhos da América do Sul. Temos que aprender com esses erros, e evitar que isso venha a acontecer por aqui também”, reforçou Dias.
Outra questão evidenciada entre as reivindicações apresentadas em Brasília é a de criação de uma unidade autônoma de produção de proteína de aves formada pelos três estados do Sul do Brasil. Somados, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná representam 60% da produção nacional de proteína de aves.
De acordo com o derente de Saúde Animal da Adapar, tal medida não está prevista pela Organização Mundial de Saúde Animal. O governo federal, segundo ele, se mostrou interessado em pleitear a mudança. Mas questões políticas por trás da mudança podem fazer com que essa discussão leve mais tempo do que o esperado.
“O bloco sozinho é maior do que muitos países da Europa, tanto em área quanto em produção de aves. E isso faz com que esse tipo de mudança provoque inicialmente algum tipo de rejeição. O código da organização precisa ser mudado e isso vale para todos os países. Considerando que o Brasil é um país continental, a nossa visão desse processo de zonificação é bem diferente da de outros pequenos países da Europa. Para nós, seria muito bom se isso saísse do papel. Para eles, talvez não seja tão interessante. Por isso, é necessária toda essa discussão”, respondeu.
Questionado sobre a demanda apresentada, o Ministério da Agricultura e Pecuária respondeu em nota, enviada nesta sexta-feira (14), dizendo apenas que "o Departamento de Saúde Animal está avaliando as possibilidades de zonificação de áreas do Brasil em uma eventual introdução do vírus da influenza aviária no país, considerando as orientações da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), da qual o Brasil é signatário".
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