A medicina explica que, na infância, o gasto calórico das brincadeiras e atividades físicas ajudam a evitar problemas futuros envolvendo a obesidade. Outros fatores como a alimentação inadequada e herança genética, que colaboram para o surgimento da doença com aumento nos índices de triglicerídeos e colesterol, também podem ser combatidos com exercícios. “A obesidade é fator de risco para doença cardiovascular. A criança não vai ter problema agora na infância, mas há o risco futuro, para a vida adulta. Por isso, é importante o gasto calórico, o desenvolvimento da capacidade aeróbica e da musculatura. Em casa, o isolamento social se mostrou prejudicial para as atividades físicas”, aponta Klas. 4v1367
O médico conta que os consultórios têm atendido mais crianças com sobrepeso e orienta os pais a ficarem atentos. “Os alimentos ficam muito mais à mão em casa. Os horários para comer ficam desorganizados e não é culpa de ninguém. Os pais também estão trabalhando em casa e, muitas vezes, não têm tempo de prestar atenção nisso. Mas se notarem que a calça está um pouco mais apertada para colocar, que o filho ou filha aumentou o peso, conversem com o seu pediatra”, orienta o médico.
José Francisco Klas, assim como a SPP, defendem o retorno das aulas presenciais com segurança sanitária, não somente pensando na falta da atividade física, mas também pela manutenção da saúde mental das crianças e da socialização. “Há o prejuízo emocional, ansiedade, depressão. Então, são três pilares fundamentais que defendemos para um retorno seguro das aulas: uso de máscara, álcool e distanciamento”.
A SPP ainda destaca outros três pontos para os pais ficarem atentos. Não mandar o filho ou filha para a escola se houver algum sintoma da Covid-19, não mandar se alguém em casa estiver com sintoma e, se a criança ficar doente na escola, buscá-la imediatamente. “Mesmo que não seja Covid-19, quanto mais tempo essa criança ficar na escola, mais aumenta o risco para outras crianças e professores”, destaca Klas.
Mãe de Lucas, 4 anos, e de Bernardo, de um ano e meio, a dona de casa Priscila Alves de Oliveira, 25 anos, tem receio de mandar o filho mais velho para a escola, mas concorda que a falta de uma atividade física afetou o peso dele. Na tarde de quarta-feira (10), ela estava na Praça Ozório, no Centro, e os filhos brincavam no parquinho. “Eu concordo que a escola pode ajudar. O Lucas ficou bem ansioso, quer comer o tempo todo, mesmo que ele não esteja com fome. Eu até comentei com a minha cunhada que não vejo a hora dele entrar na creche para poder se regrar na alimentação”, disse a mãe.
Segundo Priscila Alves, o filho ganhou peso, mas não tem problema de saúde. “Nesse caso, é mais a questão estética mesmo. Ele fica sem ter muito o que fazer em casa, por isso fica mais na televisão e celular. Hoje, viemos ear na praça, mas não é rotina, nós ficamos mais em casa mesmo”.
Por outro lado, embora se aposte na atividade física na escola para movimentar a vida das crianças, a professora de educação física Patrícia Argenton, 37 anos, alerta que não é bem assim que as coisas funcionam. De acordo com ela, que há 15 anos atua na rede pública de ensino, a disciplina segue a concepção da cultura corporal, não é uma prática focada apenas nos benefícios das atividades físicas.
“As diretrizes não determinam a promoção de atividades físicas intensas, a ponto de desenvolver a saúde com a prática de exercícios. A escola vai colocar o aluno em contato com a história das atividades, com a cultura do movimento no mundo, e aproximar a criança do desejo de praticar um esporte, uma atividade lúdica”, explica.
Patrícia Argenton também destaca que a volta das aulas presenciais na pandemia ainda é um desafio a ser superado. “Não há um protocolo específico para a educação física. O que se tem são orientações nos decretos da Covid-19 para usar área externa, não compartilhar objetos e manter o distanciamento social entre os alunos. Há muito ainda a ser adaptado, inclusive na infraestrutura das instituições da rede pública, para que se receba os alunos com segurança”.
VEJA TAMBÉM: