A reportagem ainda aguarda posicionamento da Secretaria da Fazenda e do governo do Estado sobre o assunto.
Para o secretário de Governo de Araucária, o fechamento da Fafen representa um risco maior no longo prazo. Genildo Carvalho aponta que pode haver o que chama de “eventual desindustrialização do município e do estado”. “Nós estamos deixando uma empresa de fertilizantes que usa os resíduos da Petrobras e hibernando uma planta que pode valer uns R$ 2 bilhões, sendo que você tem a matéria-prima ali do lado [a fábrica usa insumos da Refinaria Presidente Getúlio Vargas, também em Araucária, e que está em processo de privatização]”.
Carvalho cobra a união de governo e deputados para evitar o risco. “Essa cadeia eventual de desindustrialização pode afetar outras empresas aqui no Paraná e o estado perderá receita. Quando se anuncia que o Paraná teve um crescimento em seu PIB industrial, Araucária pulou de R$ 18 bilhões para R$ 25 bilhões. Parte do grande crescimento industrial do estado partiu daqui, da Petrobras. É necessário que a comunidade, sociedade e empresários estejam atentos a esse processo, pois pode repercutir negativamente para as contas”, diz.
É uma posição que vem sendo defendida pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), entidade sindical que representa os trabalhadores que serão demitidos, como forma de pedir a continuidade da empresa. “O fechamento da Fafen vai aumentar ainda mais a dependência da agroindústria brasileira da importação de fertilizantes. Somada às outras duas Fafens que a Petrobrás arrendou no fim de 2019, na Bahia e em Sergipe, a unidade garantia o abastecimento de cerca de 30% do mercado brasileiro de ureia e amônia. Além de ser atualmente a única produtora de ureia do país”, diz nota da Federação.
De acordo com a Petrobras, o fechamento se dará porque a Fafen teve prejuízo de R$ 250 milhões em 2019 e estimava perda de R$ 400 milhões para 2020. "No contexto atual de mercado, a matéria-prima utilizada na fábrica [resíduo asfáltico] está mais cara do que seus produtos finais [amônia e ureia] e as projeções para o negócio continuam negativas. A Fafen é a única fábrica de fertilizantes do país que opera com esse tipo de matéria-prima", destaca o material.
O encerramento é, por enquanto, uma "hibernação": jargão para quando a estrutura é mantida, mas sem estar em funcionamento.
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