Outros dois fatores, segundo o economista da Fiep, que contribuíram para uma maior presença da soja paranaense no mercado chinês foram a desvalorização do real no ano ado e os resquícios da guerra comercial entre China e Estados Unidos, que contribui para que os asiáticos dessem prioridade a outras fontes de fornecimento. 632q1m
“Os chineses vêm mudando o seu padrão alimentar, consumindo mais carne, o que faz com que cresça a demanda por soja, utilizada na fabricação da ração”, explica Prates.
Os números da maior presença chinesa e do complexo soja na pauta de exportações revelam outro problema, diz o professor: “o Brasil e o Paraná vêm perdendo capacidade competitiva em segmentos que não estão relacionados ao agronegócio.” E isso vem ocorrendo sistematicamente há mais de 30 anos, desde a abertura comercial.
O problema ocorre mesmo com o real desvalorizado frente ao dólar. Segundo Prates, seria natural que houvesse maior diversificação das exportações com a taxa de câmbio acima dos R$ 4,00. “Mas a indústria está desestruturada e a por uma fase de desabastecimento de insumos e de matérias-primas”, destaca.
Outro fator que dificulta um incremento nas exportações é a falta de uma cultura exportadora. Sondagem feita pela entidade empresarial e divulgada em dezembro aponta que apenas 32% das empresas pesquisadas pretende exportar em 2021. “Ela demanda competitividade, conhecimento do mercado-alvo e estratégia clara por parte das empresas”, disse Felippe na ocasião.
Prates lembra que muitas empresas até tentam realizar exportações, mas que ao primeiro sinal de problemas no exterior – como demanda fraca ou taxa de câmbio desfavorável -, desistem. “Perde-se muita energia nesse processo.” Ele também destaca que órgãos oficiais, como a Agência de Promoção das Exportações (Apex), poderiam ser mais atuantes.
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