
Além da situação atual, projeções futuras do próprio Instituto apontam perspectivas nada animadoras. Projeta-se para 2040 uma perda de 10% dos habitantes atuais, em consequência da evasão para grandes centros urbanos. Além disso, a previsão é de um envelhecimento da população, com o percentual de idosos ando dos atuais 11,3% para 24,2%. 1f2d3t
“A evasão acontece pela falta de oportunidades. Aqui não há parques industriais nem parques tecnológicos. Nós formamos profissionais, mas esses talentos estão indo embora”, lamenta Angélica Cristina Cordeiro Moreira, presidente da Associação do Sistema Regional de Inovação do Norte Pioneiro.
É na tentativa de reverter o quadro atual e a tendência de um futuro nada promissor que representantes dos municípios do Norte Pioneiro, junto com técnicos do governo do Paraná e parceiros privados estão há cerca de um ano estudando formas de buscar o desenvolvimento.
Nas oficinas realizadas pelo Programa de Desenvolvimento Produtivo Regional Integrado (Paraná Produtivo), da Secretaria do Planejamento, lideranças locais apontaram a agricultura familiar como a primeira área a ser trabalhada como forma de buscar uma perspectiva melhor para a população.
“Decidimos começar pela agricultura familiar porque já há várias ações sendo feitas”, diz Angélica, que foi indicada como coordenadora executiva do programa no local. Ela cita o exemplo da fruticultura, que é forte na região, tendo já conquistado o selo de identificação geográfica da goiaba de Carlópolis. Além disso há produção de abacaxi, em Cambará, e a produção de queijos coloniais que agradam o consumidor “São todos produtos da agricultura familiar que podem ser potencializados com o Paraná Produtivo”, diz.
“Identificamos em todo o estado 202 municípios que não estavam envolvidos nos planos de desenvolvimento já em execução”, explica Marcelo Percicotti, coordenador de Integração Econômica na secretaria do Planejamento, a pasta responsável pelo Paraná Produtivo. Esses municípios, segundo ele, foram abrigados em oito regiões, com base em critérios geográficos, políticos, institucionais e de infraestrutura logística.
São essas oito regiões que estão sendo trabalhadas pelo Paraná Produtivo: Jacarezinho e Santo Antônio da Platina; Cornélio Procópio; Paranavaí, Cianorte e Umuarama; Campo Mourão; Guarapuava, Irati e União da Vitória; Castro e Telêmaco Borba. Elas concentram 30% da população paranaense (3,3 milhões de pessoas) e 25% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual.
O programa começou em 2021, com a realização de oficinas para ouvir as comunidades. A intenção é que cada região tenha seu plano de desenvolvimento, elaborado pelos próprios moradores, com o e técnico do governo e demais parceiros.
Para o Norte Pioneiro, as primeiras ações práticas envolvem a inclusão dos municípios nos programas de compra direta de prefeituras e do próprio governo, com a venda de produtos da agricultura familiar para a merenda escolar. “É uma das formas que vamos buscar para ampliar os canais de comercialização da produção”, observa Angélica. “Além disso, vamos buscar o o dos agricultores a linhas de crédito já existentes e que têm taxas mais atrativas, como o Banco do Agricultor e o Pronaf”, diz. O fortalecimento do cooperativismo é outra prioridade da região.
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“Aproveitar as potencialidades da região como a produção de frutas e o café é um bom caminho para buscar o desenvolvimentos dos municípios do Norte Pioneiro”, diz o diretor-presidente do Ipardes, Daniel Nojima. Ele observa, no entanto, que é preciso estar atento à infraestrutura. É preciso estradas para ligar a região a todo o Paraná e a outros mercados consumidores, como São Paulo”, sinaliza.
O economista e professor José Pio Martins destaca três pontos como essenciais para se viabilizar um programa de desenvolvimento: financiamento, incentivos tributários e infraestrutura. “Uma região menos favorecida só vai atrair investimento se oferecer isenção de tributos”, diz. “O governo não pode pensar em arrecadação”, acrescenta. Ele cita o exemplo da China que criou 160 zonas industriais sem cobrar nenhum tributo. “A arrecadação aumentou por conta da riqueza gerada ali e no entorno”, esclarece.
Em relação à infraestrutura, para o economista, é preciso estruturar distritos industriais com água, energia, estruturas de armazenagem e estradas robustas para o transporte de cargas. "Sem isso não há como atrair empresas para se instalarem no local".